Ver a criança com um resfriado que se arrasta há dias sempre causa angústia nos pais que, normalmente, têm muitas dúvidas na hora de identificar se ela desenvolveu ou não uma sinusite. Por isso, escrevo esse artigo explicando características da sinusite e, em quais pontos, ela se diferencia do resfriado.
Segundo a Sociedade Brasileira de Otorrinolaringologia, a sinusite é a inflamação das mucosas dos seios da face- região do crânio formada por cavidades ósseas ao redor do nariz, maçãs do rosto e olhos. Os seios da face dão ressonância à voz, aquecem o ar inspirado e diminuem o peso do crânio, facilitando assim sua sustentação. São revestidos por uma mucosa semelhante à do nariz, rica em glândulas produtoras de muco e coberta por cílios dotados de movimentos vibráteis que conduzem o material estranho retido no muco para a parte posterior do nariz com a finalidade de eliminá-lo. O fluxo da secreção mucosa dos seios da face é permanente e imperceptível. Alterações anatômicas, que impedem a drenagem da secreção, e processos infecciosos ou alérgicos, que provocam inflamação das mucosas e facilitam a instalação de germes oportunistas, são fatores que predispõem à sinusite.
Quais sinais e sintomas costumam acontecer nos casos de sinusite?
Crianças maiores podem se queixar de dor na face ou dor de cabeça, assim como terem secreção verde ou branca (tipo pus) ou se queixarem de não estar sentindo o cheiro direito das coisas. Esses sintomas também podem vir acompanhados de febre, mau hálito, dor de ouvido e tosse.
Quando falamos em classificação quanto ao tempo que os sintomas , temos o seguinte quadro:
– Sinusite aguda: até 4 semanas
– Sinusite subaguda: até 12 semanas
– Sinusite crônica: após 12 semanas
Ou seja, para afirmarmos que trata-se de uma sinusite crônica não podemos ter intervalos de melhoras no período de mais de 12 semanas. Assim, se a criança vive tendo episódios de sinusite com melhoras entre os episódios, podemos concluir que ela tem uma sinusite recorrente e não crônica.
É importante lembrar que as sinusites costumam ser virais, ou seja, a maioria dos casos NÃO precisam ser tratadas com antibiótico. Porém, duas medidas fundamentais em qualquer quadro são lavagem nasal e também inalação: elas ajudam a evitar que uma sinusite viral vire bacteriana.
A sinusite bacteriana, normalmente, apresenta como quadro aquele resfriado que era para ter melhorado, mas aí, lá pelo quinto dia, piorou, ou ainda quando um resfriado não piorou, mas está se arrastando por muito tempo, ou seja, por mais de 10 dias. Nesses casos pode ser necessário iniciar ANTIBIÓTICO, mas sempre, depois de uma boa avaliação médica.
Assim, toda vez que um resfriado pareça estar se prolongando além do normal, leve a criança ao pediatra. Ele poderá diagnosticar se trata-se mesmo de uma sinusite ou se ela está “emendando”um resfriado no outro, o que é super normal quando lembramos que a criança está mais suscetível a pegar mais infecções virais, tendo em vista sua imunidade em formação.
O diagnóstico de SINUSITE É CLÍNICO, ou seja, INDEPENDE DE RAIO X DE SEIOS DA FACE. É fundamental ressaltar que não é recomendado pedir raio X de seios da face para crianças e, até mesmo em adultos, é discutível. Outros exames, em geral, também são desnecessários.
Espero que esse texto tenha lhe ajudado.
Um abraço!
