Os sentimentos são representados pelas ações, a partir de como percebemos o que está ocorrendo nas nossas atividades e interações no dia a dia. E assim, eles estão em constante movimento como uma montanha russa: uma hora estamos tristes, outra estamos alegres, logo depois preocupados ou com raiva. Durante a pandemia, isso ficou mais evidente. E o mesmo acontece com as crianças. Aliás, com elas, pela dificuldade de entenderem o que está acontecendo, muitas vezes esses sentimentos tomam uma proporção ainda maior. Por volta dos 3 anos, por exemplo, quando a expressão verbal está mais desenvolvida, a criança começa a expressar a preocupação com o que está sentindo ao seu redor e com as próprias reações. Nessa idade, a fantasia ainda está presente na criança, o que torna tudo muito maior.
As crianças não sabem nomear ou entender o que está ocorrendo e cabe aos pais darem ferramentas para que elas possam lidar adequadamente com isso. Em um primeiro momento, por exemplo, é importante a criança saber que essa montanha russa de sentimentos acontece com todos, tanto com adultos quanto com as crianças. Aceitar e entender que todos somos iguais é muito importante para o desenvolvimento infantil.
É muito difícil colocar em palavras nossas emoções, principalmente para crianças que não sabem muito bem o que estão sentindo e não entendem como os sentimentos podem mudar de uma hora para outra. E a melhor maneira de começar um trabalho neste sentido é pedindo para a criança descreva com suas próprias palavras o que está sentindo. Por exemplo: “Eu não tenho vontade de brincar”, “Estou com medo”. Começando com frases como essas, os pais podem explorar um pouco mais fazendo perguntas que ajudem a criança a descrever mais profundamente o que está sentindo. Assim, será mais fácil para aprender a dar nomes dos sentimentos.
Com uma criança mais velha, que já sabe nomear os sentimentos, pode ser montado um jogo com pratos de papel. Em cada lado será desenhado com uma pintura (com giz de cera ou caneta hidrográfica) uma expressão que represente um sentimento: de um lado uma cara alegre, de outro uma cara triste ou uma cara de surpresa ou uma cara de raiva. Cole um palito de sorvete na ponta para melhor manusear. O pai pode pedir “Me mostre a sua cara alegre” ou “Me mostre a sua cara de surpresa”, “Como está se sentindo?”, “O que te faz alegre?”, e assim por diante.
Para saber lidar com os sentimentos de uma forma madura é necessário conhecer o que estamos sentindo. E, neste sentido, conversar sobre um sentimento faz com que ele seja colocado nas devidas proporções. E quanto antes esse trabalho começar, melhor essa criança conseguirá desenvolver habilidades tão importantes como inteligência emocional e resiliência, que serão usadas por toda vida.