A ida ao dentista não é algo muito aclamado pela maioria das pessoas, mas o fato de querer se manter longe da cadeira do dentista pode ter um agravante maior quando a experiência na infância não foi agradável. Por isso, sempre prezo pela importância deste primeiro contato; já que ele não se resume somente aos cuidados preventivos, mas também é a oportunidade de construir com o bebê, um relacionamento de confiança.
Vale ressaltar que a primeira consulta odontológica deve ocorrer no segundo semestre de vida, entre os 6 e 12 meses, fundamental para avaliar a cavidade bucal e estabelecer um programa preventivo, que incluiu uma forma especial de atendimento. Nesta hora é preciso investir em técnicas lúdicas e de reforço positivo, promovendo a colaboração e a redução da ansiedade das crianças por meio de teatro, brincadeiras, bonecos educativo, histórias motivadoras, elogios e pequenas recompensas.
Em minha abordagem inicial estou sempre vestida com scrubs (aventais coloridos com estampas animadas) sem máscara e sem touca, olhando sempre no nível dos olhos da criança, para manter um diálogo, passando acolhimento e confiança. Também utilizo algumas técnicas como falar – mostrar – fazer. Durante todo o atendimento eu explico os procedimentos (falar), demonstro aspectos visuais, auditivos e olfativos (mostrar) e ao realizá-los (fazer) me preocupo em utilizar um vocabulário apropriado à idade.
Na primeira consulta o foco principal é fazer a criança se familiarizar com o ambiente motivando-a com histórias que fazem parte do seu dia a dia; depois do atendimento lúdico a criança fica sob os cuidados da auxiliar de consultório onde pode brincar e se distrair; nesse momento os pais trocam informações com a odontopediatra. Somente depois dessa interação e da anamnese completa, a criança sentará na cadeira e será examinada, ou seja, com o nível de ansiedade praticamente zerado, facilitando a interação e o trabalho do dentista.
A postura lúdica é de suma importância para a criança expor suas dúvidas e receios de maneira natural. Durante as brincadeiras os pequenos conquistam a oportunidade de se expressar através da linguagem que eles dominam. A psicologia nos mostra que o ambiente tem grande impacto no desenvolvimento humano, por isso os consultórios devem estar decorados com um ambiente temático.
Já o reforço positivo é uma técnica efetiva que visa recompensar o paciente por atitudes desejáveis, aumentando a recorrência delas. Premiar a criança no final de cada atendimento é bastante produtivo, uma vez que ao serem motivados, a tendência de repetir um comportamento positivo na próxima consulta, aumenta consideravelmente.
O atendimento lúdico, como falamos, permite um desenvolvimento da relação paciente-profissional de forma amigável, a partir da preocupação do profissional em fortalecer a confiança e reduzir a ansiedade do paciente. Bom para todos – paciente, profissional e pais. Faça o teste!