Andamos todos tão monotemáticos, não é? E não é pra menos! A quarentena nos colocou em modo de emergência, e tudo, de alguma forma, parou. Adequamos rotinas, planos, arranjos familiares, absolutamente tudo que era possível ser adequado em função deste caos que se instalou em meio a nós, e sequer pediu licença: só chegou.
E, para deixar tudo mais complicado, assuntos é que não faltam para tratarmos. Como lidar com a escola, e com os filhos em casa, com a saúde mental (tanto a nossa, quanto a deles), com a insegurança financeira em tempos de recessão, entre tantas coisas que uma só coluna não é capaz de listar. Olha, vou te dizer que, estar com o coração forte é preciso!
Mas a vida não para. Nossos dias, encadeados, um após o outro, seguem. E é uma loucura pensar que em nossa tentativa de deixar tudo seguro, financeiramente estável, mentalmente tolerável, muitas vezes coisas importantes acabam se perdendo no meio do caminho. E este caminho, obviamente, é único. Cada um de nós tem sua forma de seguir. Mas é justamente neste universo de diferenças, que encontramos uma série de semelhanças. Porque parentar, cuidar, educar, e querer o bem dos nossos pequenos traz para nós, pais, mães e cuidadores, desafios e dúvidas tão similares.
E uma das coisas que, às vezes, acabamos deixando em segundo plano é aquele momento de atenção que eles gostariam de ter de nós. Atenção genuína. Pura. Aquele que não tem televisão, celular, ou outro “ladrão”, que nos roubem deles. Quantas não são as vezes que pedimos um “daqui a pouco” ou “mais tarde”, para terminarmos uma tarefa do trabalho, ou o jantar, a faxina, ou qualquer outra tarefa importante. E quando paramos, estamos frequentemente divididos. Multi-atarefados. Sempre entre interrupções. Aqui, eu me descrevo. E descrevo também uma série de pessoas próximas. Porque cuidar dos pequenos e não deixar nenhum pratinho cair não é tarefa fácil.
Eu tenho conversado com algumas pessoas próximas, e muito temos falado sobre a volta da escola, o medo pelo contágio, o convívio com os amigos, as horas frente ao computador, o caos que anda a casa, as brigas com os irmãos, entre outros. Mas pouco falamos sobre o tempo de qualidade que este momento está nos trazendo uma oportunidade única de ter. Quem sabe fazer uma cabana de lençóis na sala. Ou pintar uma parede juntos. Para aqueles realmente corajosos, como foi o caso de uma das minhas amigas, tem-se a opção de um novo pet (No caso dela um porquinho da índia). Infelizmente não dá para termos todo o tempo que gostaríamos. Mas quem sabe, uma hora do fim do dia, ou aquela tarde de domingo não dá para de transformar em algo muito maior e mais divertida do que um programa de TV qualquer para se distrair.
Está é a minha lição de casa para mim: Deixar meu trabalho guardado na gavetinha do trabalho, não pensar na bagunça que a atividade irá fazer, e somente trazer para a Luiza e para a Giovana algo divertido e realmente gostoso para fazermos juntas. Porque estamos sempre contando com o amanhã. Amanhã brincamos. Amanhã jogaremos. Depois vamos ao parque. Quando passar a pandemia vamos fazer algo lá fora. Mas meus queridos, este mundão não parou. E o amanhã, o depois, o pós pandemia há de chegar. Rápido, espero. Mas, por hoje, não quero mais procrastinar tempo bom com elas. Quem sabe a louça não fique para amanhã, então?