Você já parou para pensar que os rótulos infantis estigmatizam o comportamento da criança? Além de não trazer nenhum ensinamento na educação dos baixinhos, essa prática contribui para a criação de estigmas, que podem até mesmo ser carregados pelo resto da vida daquela pessoa. “Rotular uma criança é muito prejudicial para seu desenvolvimento, pois quando você apresenta aquele adjetivo para ela, ela simplesmente incorpora uma atitude se convencendo de que ela tem que agir de acordo”, explica Mel Gnatos, que é formada em Positive Coaching e trabalha com disciplina positiva e inteligência emocional.
A psicóloga Daniela Cracel reforça que os rótulos têm a função de nomear objetos e jamais devem ser usados para caracterizar as pessoas. “Se nomeamos alguém com o rótulo estamos ‘coisificando’ a pessoa com aquele nome. Imagina fazer isso com uma criança, que nem defesas direito ainda possui”, indaga.
De acordo com Mel, as crianças ainda estão em formação de personalidade e caráter e, sendo assim, aceitam e acreditam no que os pais dizem, afinal, são seus principais guias.
“A criança não tem discernimento para saber o que ela é ou não. Um exemplo muito comum de rótulo é quando falamos: ‘você é muito teimoso’ ou ‘você é uma criança má’. Isso entra na cabeça dela como ‘eu sou teimoso, eu sou um menino mau’ e, então, começa a se comportar assim. E, mais grave ainda, se sente cada vez pior, acabando com sua autoestima”, ressalta.
Ainda segundo Mel, o objetivo dos pequenos é ser aceito pela família. Sendo assim, as crianças encaram os adjetivos como verdades e agem de maneira para se encaixar no rótulo. “Se meu pai ou minha me diz que eu sou isso, então tenho que agir assim”, exemplifica.
Tanto os rótulos negativos, como por exemplo dizer que a criança é “chorona”, “tímida” e/ou “teimosa”, quanto os positivos devem ser evitados. “Quando você diz para seu filho: ‘que inteligente você é’, ele vai pensar que não precisa estudar para aprender mais e tirar boas notas. Todas essas características podem entrar na cabecinha das crianças como verdades absolutas e as confunde quanto às suas capacidades, potenciais e necessidades”, enfatiza.
Como fazer para não rotular meu filho (a)?
Apesar de ser um hábito adquirido na criação da maioria das pessoas, agora você já sabe que esse costume nada contribuiu para a educação do seu filho e nem para o desenvolvimento infantil. Pais, mães e educadores precisam estar atentos para ensinar aos baixinhos que determinado comportamento não é adequado ou respeitoso, mas é necessário buscar alternativas positivas para isso.
Para conseguir deixar de utilizar os rótulos infantis, é preciso focar no problema que a atitude da criança causa e pedir ajuda dela para encontrar a solução. “No lugar de dizer: ‘como você é bagunceiro’, você pode usar: ‘filho, quando os brinquedos ficam bagunçados e não são guardados, eu piso neles sem querer e me machuco, além de poder quebrá-los. Como podemos resolver isso?’”, sugere a coach Mel Gnatos.
Outra dica da psicóloga Daniela Cracel é para os pais e mães nomearem o que estão sentindo nos momentos de conflito e tensão, e dar a oportunidade para as crianças também exporem seus próprios sentimentos. “Não use expressões como ‘você é assim’, pois dessa forma você dá a sentença para a criança, e para que ela vai querer mudar se você já disse que ela é assim? Você acaba diminuindo a autoestima da criança, que poderá se tornar um adulto com sua criança interior machucada”, reflete.
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