Dormir agarradinha com a cria e sentir aquele cheirinho único no pescoço da criança é mágico, não é mesmo? Porém, o pequeno (a) vai crescendo, conquistando autonomia, ocupando mais espaço e, então, surge a vontade, ou até mesmo necessidade, de colocar um fim na cama ou no quarto compartilhados. Mas, depois de tanto tempo com essa rotina de dormir juntinhos, você deve estar se perguntando como fazer seu filho (a) dormir no próprio quarto, certo?

No início, pode até parecer uma missão quase impossível. Entretanto, a psicoterapeuta e educadora parental Adriana Jubran, que administra a conta @adrianajubran_arvoremae, no Instagram, ressalta que é possível fazer essa transição de maneira acolhedora e respeitosa.

“Aconselho às famílias que gostariam de deixar a cama compartilhada fazerem um novo combinado com a criança, respeitando o processo de amadurecimento dela. Vocês vão juntos construir esta nova maneira de dormirem. Conversem durante o dia com a criança, contando os porquês e como vocês estão ficando muito cansados dormindo na mesma cama, que papai e mamãe precisam descansar para no dia seguinte terem energia para brincarem juntos. Cumpram este combinado e brinquem juntos, mesmo que seja durante o banho”, reforça.

Entre as orientações, Adriana sugere para estabelecer um novo ritual do sono que leitura de livros e/ou contação de histórias. “Pode ser uma história inventada ou sobre o nascimento dela… as crianças amam saber a própria história. Vocês farão o aconchego necessário para ela conseguir adormecer”, afirma. A psicoterapeuta ainda ressalta que é importante explicar para o pequeno (a) que, após ele adormecer, a mamãe e/ou papais estarão no outro quarto, caso ele precise de algo durante a noite.

 O que deve ser evitado durante a transição para fazer a criança dormir no próprio quarto?
Para a psicoterapeuta e educadora parental Adriana Jubran, pais e mães precisam ter em mente que a criança necessita de contato para sentir-se segura e se fortalecer internamente. “O objetivo não está apenas em cada um dormir na sua cama e em quartos separados. O objetivo está em desenvolver um adulto seguro para o resto da vida dele, e isso fazemos garantindo a esta criança que ela será cuidada, acolhida e amada quando sentir medo e insegurança. As crianças precisam se sentir seguras para se desenvolverem em sua total potencialidade”, enfatiza.

Dicas para os baixinhos terem uma noite de sono mais tranquila
Segundo a psicoterapeuta e educadora parental Adriana Jubran, ter uma boa noite de sono é uma das consequências das experiências vivenciadas durante o dia. A profissional ressalta que ao longo do dia o organismo produz hormônios que podem influenciar na hora de dormir.

“Quando estamos cansados demais ou estressados, estimulamos nossa produção de cortisol, hormônio que nos deixa ainda mais pilhados e estressados sem conseguir descansar. Some a isso o tempo de telas indevido que permitimos as nossas crianças assistirem e teremos com certeza problemas para se entregar ao sono”, exemplifica.

Para contribuir com que a criança tenha uma noite de sono restauradora, Adriana sugere encontrar um equilíbrio entre as atividades realizadas durante o dia. “Quando tomamos sol, fazemos atividades ao ar livre, e intercalamos uma atividade mais agitada, como correr, brincar, cantar ou rir, e outra mais calma, como ler, desenhar, jogar com outras crianças jogos sem telas, produzimos hormônios que nos equilibram física e emocionalmente”, recomenda.

Mãe compartilha como foi a transição para o filho dormir no próprio quarto
“O que foi decisivo para conseguirmos alcançar a transição e, inclusive a melhora no sono do nosso filho, foi a nossa mudança de postura (dos pais)”. A afirmação é da empresária e criadora de conteúdo Luana Burigo, que é mãe de duas crianças e administra o perfil @simplease, no Instagram.

Luana afirma que toda criança tem a capacidade de aprender e desenvolver novos hábitos. Neste sentido, ela ressalta que tudo que o pequeno já sabe fazer, inclusive a rotina do sono, foi apreendido por repetição.

“A determinação dos pais em implementar um novo hábito, a consciência de saber que a criança irá absorver, a repetição e consistência em fazer funcionar, vão ser decisivos no processo. A criança confia em quem ela vê segurança nas atitudes e ela, aos poucos, vai entendendo que os pais estão determinados em fazer aquilo funcionar e vai passando a confiar naquele direcionamento”, explica.

Neste processo, o respeito e o acolhimento devem estar sempre presentes. Para Luana, a gentileza, inclusive, pode favorecer na cooperação da criança. Entretanto, ela ressalta que a transição também exige firmeza dos pais. “Acredito que todo esse respeito, expressado de forma carinhosa, precisa vir também com a firmeza e consistência da posição dos pais, afinal eles são os adultos da relação e eles é que vão dar a direção para a criança”, pontua,

Luana ainda recomenda apresentar ao filho (a) o novo local em que ele vai dormir, mostrando como é seguro e confortável. “Aqui nós traçamos um plano de ação. Fomos ajustando aos poucos, mas sempre reforçando ao nosso filho o objetivo final: dormir na cama dele. Eu evitaria ficar adotando uma estratégia a cada dia, ceder num dia e tentar no outro, ter expectativas altas de que a transição ocorrerá rápido, demonstrar ansiedade para a criança, etc. A criança precisa dessa condução firme e segura para também se sentir segura”, finaliza.

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