“Natureza para sentir
Natureza para pesquisar
Natureza para viver”
Em tempo de isolamento social fica difícil ter o contato com a natureza do jeito que nós gostaríamos. Mas, se não podemos visitar a natureza e nos conectarmos com ela, que tal trazer a natureza para nossa casa de um jeito diferente: já pensou, por exemplo, em criar um jardim sensorial na sua casa?
Ele pode ser feito em um cantinho especial do seu lar e tem grandes possibilidades de ajudar a conectar você e sua criança com a natureza, promovendo harmonia com o meio ambiente, além de deixar seu lar mais belo e cheiroso. Criando um jardim sensorial, você pode estimular todos os cinco ( ou seis :-)) sentidos da sua criança e de toda a família. E aí, preparados para as dicas?
Tato – além de toda a sensação de mexer com a textura da terra indico plantar alguma espécie de cacto, suculentas ou plantas com folhas aveludadas, como por exemplo o boldo.
Olfato – sugiro plantar alguns temperos que são ótimos para estimular o nosso olfato, uma cebolinha, manjericão, alecrim ou alguma erva aromática como camomila, hortelã que são utilizadas em chás.
Paladar – esse é um sentido muito gostoso! E para ativá-lo basta saborear alguns chá do seu jardim sensorial ou até mesmo fazer uma receita e acrescentar os temperos que vocês plantaram, sugiro também plantar morangos ou tomatinho cereja em vasinhos. A degustação será ainda mais gostosa.
Visão – vocês podem escolher espécies de tamanhos diferentes para as crianças fazerem as observações de cores e folhagens, como por exemplo violentas que são pequenas e girassóis que são maiores. Para as crianças que são maiores além das observações elas podem fazer anotações em um caderno para acompanhar a evolução das plantas.
Audição – criar uma mini fonte de água com pedras que deixa o ambiente mais calmo, umidifica o ar e serve para decorar tanto o espaço interno quanto o externo. Deixo aqui a sugestão de uma criação de fonte:
Essas são as dicas para vocês criarem o seu jardim sensorial. E, caso não for possível ter todos os sentidos no mesmo local, a sugestão é escolher vários cantinhos diferentes da casa e fazer um mini jardim, de cada sentido.
Aliás, vale assistir esse vídeo aqui para se inspirar.
As crianças e a natureza dentro de casa
A educadora Ana Carolina Thomé Pires, idealizadora da página “ser criança é natural” se uniu as plantadoras anônimas da quarentena para ampliar seu jardim. Ela disse: “Por mais que existam algumas plantas dentro deste pequeno apartamento, senti vontade de ver o pulso, o movimento da vida desde o início. Por influência das amigas, plantei batata-doce. Por ocasião do pouco uso, o alho. Um na água, outro na terra. Raízes e folhas vão surgindo. E minha curiosidade brota junto. A investigação cresce junto. Todo dia olho para ver o que está diferente. Eu tenho aprendido sobre o tempo, sobre pulsos e impulsos, sobre olhar. Tenho aprendido um monte sobre batata doce, mas, muito mais sobre tempo e sobre vida”.
Ela tem incentivado outras mães a fazerem o mesmo com os seus pequenos. Luiza Cazetta, jornalista e mãe da Olga, de 3 anos, por exemplo, conta um pouco da experiência que elas estão vivendo com o jardim sensorial: “Começamos com a batata doce. A princípio, ela não ligou muito, porque demorou umas duas semanas para começar a saírem os brotinhos, mas quando viu, ela ela amou! E fomos ampliando. Já plantamos feijão e quando já estava grandinho, passamos para um vaso. Nesse mesmo dia, plantamos margaridinhas, depois plantamos cenoura, beterraba e, por último, tomate-cereja”. Luiza conta que é a pequena Olga quem rega as plantas de manhã, enquanto a mamãe pega as mudas. “Algumas tardes ela pede para ver de novo e tem noites que dá até boa noite para as plantinhas antes de dormir. Além disso, já consegue identificar quando vê brotinhos novos nascendo. E fica encantada, vibrando com o crescimento das mudinhas”, conta a Luiza que tem no jardim sensorial, o único contato da família com a natureza nesta quarentena.
Outra vivência com a natureza nesse mesmo caminho está acontecendo no lar da Bianca Natalie, mãe do Lucas de 3 anos. Ela mesma fez um avental com uma calça jeans e as pás com cano de PVC. “Quando eu expliquei que íamos fazer uma horta para plantar sementes da cenoura, tomate e alface, ele ficou todo empolgado. Compramos as sementes, terra, areia, vasos e um regador. Aliás, esse item fez o maior sucesso! Depois que eu organizei o espaço, colocamos a mão na massa, ou melhor na terra, e, fui auxiliando passo a passo ele na plantação quem atento às orientações, começou a cantar a música do filme Larox “vai crescer vai crescer deixa o mundo renascer se a semente cai no chão”“,conta Bianca.Ela diz ainda que, todos o dias, a primeira coisa que o menino faz quando acorda é ver a horta e que fica todo empolgado com os brotinhos. Usa até uma lupa para vê-los melhor.
Para a família, a experiência está sendo maravilhosa, pois eles percebem o quanto o menino aprende valores como o cuidado, responsabilidade e amor. E para encerrar o relato da mamãe Bianca ela compartilha a experiência do Lucas com o avô, que mora na mesma casa e, juntos, colheram o café do quintal. “Durante uma semana, eles ficaram colocando o café no sol pra secar, depois o menino ajudou o avô a abrir as casca e a tirar o café. Juntos, torraram no fogão à lenha e bateram no liquidificador e, quando chegou o momento de tomar café, o menino ficou muito orgulhoso do processo: ”Foi o café que o vovô fez e eu ajudei””. Sem dúvidas, essa fala do pequeno Lucas nos mostra o quanto ele se sentiu pertencente e importante nesse “projeto”- coisa que as crianças não só precisam, como adoram.
Esses relatos das mães reafirmam a importância de criarmos memórias afetivas em nossos filhos. E, neste sentido, vale dizer que também se trata sobre os elos afetivos entre os eles e a natureza.
As plantinhas tem cheiros e aguçam as nossas memórias. E uma prova disso é que, muitos de nós, mesmo depois de adultos, sentimos cheiros que nos remetem à infância. Minha amiga, Michele, de 40 anos, me disse, por exemplo, que toda vez pega um ramo de hortelã na mão parece que está no jardim da casa de sua avó. E que tomates cerejas a levam direto para o sítio que fez parte de sua infância.
E você, já se perguntou que relação com a natureza deseja criar para os seus filhos? Quais dessas memórias afetivas você pode ajudá-lo criar?
Dica especial
Para finalizar, deixo aqui uma sugestão que está no livro “Espera, moleque”, da autora Luciene Tognetta ( Editora Adonis), voltado para crianças de 0 a 10 anos, e que conta questões de convivência e saúde mental enfrentadas na pandemia.
O livro vem acompanhado com dicas de brincadeiras que vocês podem fazer juntos em casa.
Neste caso, a proposta é: Horta dos desejos
Gonzaguinha, ao cantar “Nunca pare de sonhar”, falou de um menino que nascia sempre com as manhãs. O moleque também precisou aprender sobre esperança para continuar fazendo o futuro. Que tal, então, conhecer e cantar com seu pequeno essa música que também fala sobre o que o cantor e compositor viveu quando moleque? Você pode chamar toda sua família para cantar junto.
Aqui está o link para conhecer canção.
Nunca pare de sonhar – Gonzaguinha
Ontem um menino que brincava me falou
Que hoje é semente do amanhã…
Para não ter medo que este tempo vai passar…
Não se desespere, não, nem pare de sonhar
Nunca se entregue, nasça sempre com as manhãs…
Deixe a luz do sol brilhar no céu do seu olhar!
Fé na vida, fé no homem, fé no que virá!
Nós podemos tudo,
Nós podemos mais
Vamos lá fazer o que será
O menino que brincava falou que hoje é semente do amanhã. Você sabe o que isso quer dizer? Significa que aquilo que fazemos hoje determinará a nossa vida e a das outras pessoas no futuro. Vamos pensar em coisas boas para serem plantadas hoje para que amanhã possamos viver mais felizes? Construa uma horta imaginária e ponha nela tudo o que for importante para que amanhã a vida melhore. Podemos colocar amor, generosidade, amizade e muitas outras coisas. Use a criatividade e mãos à obra!
Sentiu o desejo de ler essa história – ESPERA, MOLEQUE? Você pode baixar o livro e o suplemento de atividades gratuitamente neste link.
Compartilho aqui mais alguns link para inspira-los ainda mais: