Divulgação: Senses Montessori School

Imagine uma sala de aula sem as tradicionais carteiras e lousas. Agora, imagine que nesse espaço há bancadas, puffs, estantes, espelho e até mesmo uma pequena cozinha. Então, visualize toda a mobília no tamanho proporcional à faixa etária das crianças. Esse é o cenário de uma escola montessoriana, que possui metodologia centrada na criança e no aprender. 

De acordo com os pesquisadores, a educação montessoriana parte de um teoria científica do desenvolvimento infantil que oferece para a criança um ambiente preparado e proporciona liberdade para que ela possa desenvolver autonomia. Ao contrário das escolas tradicionais, onde os professores são fonte de conhecimento, no método Montessori os educadores atuam como guias.

Idealizada pela pedagoga, pesquisadora e médica italiana Maria Montessori, essa pedagogia passou a ser reconhecida em 1907, na Roma, a partir da inauguração da primeira ‘Casa dei Bambini’ (Casa das crianças), que recebia crianças de baixa renda. Nessa casa, Montessori adequou os móveis para o tamanho dos alunos e forneceu materiais sensoriais. O método chegou ao Brasil em 1910, quando foi fundada a primeira escola Montessori, a “Emília Erichsen”, no Paraná. Porém, foi somente na década de 1970 que começaram a aparecer diversas escolas montessorianas em todos os estados brasileiros. Atualmente, o Brasil possui 60 escolas montessorianas associadas à OMB (Organização Montessori do Brasil).

Divulgação: Senses Montessori School

Mas, afinal, como são as aulas em uma escola Montessori?

Primeiramente, é preciso saber que a pedagogia Montessori possui salas de aula com agrupamento de crianças com idades mistas, sempre considerando um ciclo de crescimento de três anos. Sendo assim, geralmente as classes são formadas por alunos de 1 a 3 anos, 3 a 6 anos, 6 a 9 anos, 9 a 12 anos, e assim por diante.

De acordo com a diretora do Prima Escola Montessori de São Paulo, Edimara de Lima, que também é membro da OMB (Comissão Científica da Organização Montessori de Brasil) e conselheira e membro da ABPp (Diretoria Nacional da Associação Brasileira de Psicopedagogia), os princípios pedagógicos são: “a auto-educação, ou seja, o professor prepara o ambiente e a estrutura para que a aprendizagem aconteça; a utilização de materiais que concretizem conceitos montessorianos; e a livre escolha, isto é, a criança escolhe no ambiente as atividades que desenvolverá”, explica. 

Conforme a afirmação da profissional, a pedagogia montessoriana permite que a criança tenha liberdade para optar pelo material ou trabalho que deseja realizar. Por isso, enquanto um aluno escolhe fazer uma atividade de matemática, outra estudante pode estar se dedicando à novos conhecimentos relacionados à linguagem e outro grupo ainda pode estar preparando um suco.

E, assim como nas instituições de ensino tradicional, a escola montessoriana segue todo o conteúdo que é exigido pela BNCC (Base Nacional Comum Curricular), proposta pelo MEC (Ministério da Educação). “A diferença é na forma como ele é apresentado, que traz ganhos em relação à apresentação do conteúdo subjetivo. A ciência já confirmou o que Montessori experimentou quando desenvolveu o método: as crianças aprendem mais rápido por experiências sensoriais e manipulando materiais concretos, e em um ambiente favorável, podem desenvolver habilidades físicas, intelectuais e emocionais para serem adultos transformadores”, ressalta a professora Vivian Mozas, que é fundadora e diretora pedagógica da Senses Montessori School, de São Paulo.

No processo pedagógico, o educador tem o papel de despertar o interesse pelas diversas áreas do conhecimento, permitindo que a criança escolha o material que ela deseja utilizar naquele momento. “A criança solicita ajuda do educador apenas se sente esta necessidade. As atividades são desenvolvidas individualmente ou em grupo, sempre respeitando a individualidade de cada criança. Por isso, as salas Montessori são preparadas para receber um grupo mais heterogêneo de crianças, que não precisam ser separadas por idades”, pontua Vivian.

A coordenadora pedagógica colégio Santa Úrsula, de Ribeirão Preto (SP), Fernanda Beloube, ainda destaca que a ênfase do método montessori está na aprendizagem ativa e no desenvolvimento social em lugar de memorização, regras e busca de informação para uma única pergunta específica. “O aluno pode trabalhar o tempo que necessite num assunto que lhe interesse, sem que uma campainha o interrompa. O aluno tem o direito de escolher um lugar para trabalhar em vez de um lugar fixo. Os alunos são estimulados a ensinarem, colaborarem e ajudarem uns aos outros. Aprender é o maior prêmio; não existe motivação através de prêmios e reconhecimentos exteriores. Os alunos tendem a ser calmos, concentrados, felizes”, afirma.


Confira nossa coluna de Arte Educação, escrita pela pedagoga Vanessa Morimoto


 

Por que essas famílias escolheram escolas montessorianas?

A farmacêutica Valéria Moreira, de 32 anos, sempre buscou criar as filhas, Joanna, de 4 anos, e Olívia, de 2 anos, com liberdade e autonomia. Na hora de procurar uma escola para as meninas, o que ela mais queria era uma instituição com uma boa proposta pedagógica. Foi, então, que optou pelo método Montessori.

“A praticidade do dia a dia, os afazeres comum, a cortesia, a independência e o imenso respeito à criança, suas vontades e seus sentimentos são o que mais me agradam na escola montessoriana”, pontua.

Mãe do Diogo, de 7 anos, e do Joaquim, de 3 anos, a biomédica Laila Leonel, de 32 anos, se identificou com a proposta da escola pelo fato de oferecer uma educação baseada na individualidade de cada criança e por valorizar a independência dos pequenos. 

“O fato de que ele pode se desenvolver de modo diferente nas diversas disciplinas e não ter que esperar pelo resto da turma me levaram a essa escolha”, esclarece.

Já a pianista Sara Chong, de 27 anos, e mãe de uma garota de 3 anos, afirma que já praticava os conceitos de Montessori em casa e não visualiza a filha em uma escola tradicional. Autonomia e o respeito presentes na pedagogia eram exatamente o que ela almejava. “O aluno/filho pode buscar aquilo que realmente lhe importa em cada fase, repetir sem limites, aprender a esperar o outro que trabalha com algo que ele quer, o erro é algo auto regulado e nunca apontado ou valorizado pelo pedagogo, a exploração livre leva ao conhecimento, o currículo é  vasto e variado mas não imposto, a interação entre idades diferentes é insubstituível”, lista.

Quem também não conseguia imaginar os filhos em escolas convencionais é psicóloga e estudante de pedagogia Julianna Verçosa, de 39 anos. “Pesquisei e me deparei com Montessori. Minha filha se encaixou no que eu acreditava ser um caminho melhor. Ao longo destes quatro anos que ela está na escola, descobri que Montessori vai além do que eu podia imaginar”, ressalta. Para ela, virou uma filosofia de vida.

“Montessori vai muito além da pedagogia. Não existe isso de decoração ou brincadeiras Montessori. O que existe é um respeito à criança, ao seu nível de desenvolvimento, sua autonomia e independência. A cama montessori nada mais é do que isso: uma cama baixa que permita que a criança deite e levante sem precisar do adulto”, completa.


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