Só de saber que vai ao médico, seu filho (a) é daqueles que já fica ansioso e até mesmo amedrontado? E, durante a consulta, sua criança fica ainda mais apavorada, chora e se desespera com os procedimentos? Saiba que essas são reações bastante presenciadas nos consultórios médicos e odontológicos. No entanto, é possível ajudar os pequenos a lidarem com esses sentimentos.

“Eu recomendo que a família converse sobre a minha visita, explicando que vem alguém muito legal pra checar se ela está crescendo e ficando forte. Sempre com uma linguagem acessível e dizendo a verdade”, recomenda a pediatra Jéssica Nicole, que administra o site Sua Pediatra.

A educadora parental em disciplina positiva Cinthia Andrade, que é especialista emocional e idealizadora do instagram @maternidade.positiva, ressalta que, muitas vezes, os medos infantis também são transmitidos pelos próprios pais. “Isso acontece, às vezes, até sem perceber e os pais acabam projetando muitos medos para as crianças. Se a gente fala que se a criança não se comportar bem ela vai tomar uma injeção, quando ela olhar alguém de jaleco branco, ela vai travar. Para ela, isso já virou uma memória negativa, de medo”, explica.

Nesses casos, é preciso que os pais e as mães retomem a consciência para tentar reverter a situação. “Primeiro de tudo, precisamos desconstruir essa ideia de impor medo nas crianças para que elas façam algo que o adulto deseja. Numa educação com respeito, isso não cabe mais. A gente precisa incentivar e encorajar as crianças, e principalmente mostrar que uma ida ao médico não é um bicho de sete cabeças”, enfatiza Cinthia.

De acordo com a educadora parental, além de manter um diálogo verdadeiro com as crianças, a família deve antecipar os procedimentos que serão realizados. “É importante não mentir e nem omitir. Se for tomar vacina, por exemplo, diga que é importante para ficar forte, mas que será uma picadinha dolorosa e que você estará lá. Isso é ser verdadeiro. E é importante entender que está tudo bem se a criança estiver com medo, porque realmente dói”, afirma.

Cinthia ainda recomenda aos pais que evitem negar o sentimento dos filhos. O ideal é acolher e encorajar. “Não diga que é bobagem, para ela parar o com o medo, que não dói. Isso é mentira. O sentimento da criança é legítimo. Você deve dizer que entende o medo dela, mas que você está lá, junto com ela, e que é importante para ela continuar forte e saudável”, sugere.

A pediatra Jessica também reforça a necessidade de o pai e/ou mãe ficarem próximos da criança durante a consulta. “A pessoa de confiança deve estar sempre por perto e em seu campo de visão. A mãe ou o pai sorrindo e dizendo que está tudo bem, reforçando que estão presentes e que não deixarão nada de ruim acontecer”, orienta.

 

Como os profissionais de saúde podem lidar com o medo infantil?

Para a pediatra Jéssica Nicole, conquistar a confiança da criança, transformando os procedimentos em uma brincadeira, pode ser uma boa alternativa. “Mesmo assim, não são todas as crianças que se rendem aos encantos de uma consulta-divertida. Perto dos dois anos, essa consulta pode ser complicada devido à fase. Mas o importante é ‘fazer as pazes’ no fim da consulta, dizendo que ela foi corajosa e combinando na próxima consulta, com mais idade, ela vai colaborar mais”, sugere.

Segundo Jéssica, a união da pediatra com a família, usando a mesma linguagem e reforçando pontos positivos, pode ter um resultado mais animador a cada consulta. “Reforço que nem sempre dá certo, principalmente se a criança vem com traumas de procedimentos prévios ou internações”, explica.

A sugestão da educadora parental em disciplina positiva Cinthia Andrade é para buscar profissionais que prezem por um atendimento humanizado e que entendam as fases do desenvolvimento infantil.

“Busque profissionais que são gentis e que olham de verdade para a criança. Esses profissionais já sabem acolher a criança e entendem o sentimento dela. Há odontopediatras, por exemplo, que fazem todo um trabalho com a criança antes de aplicar o flúor, mostram os instrumentos, deixam a criança pegar. São profissionais preocupados com a criança que está ali na frente dele e que buscam um atendimento de excelência”, completa. 

 


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