Durante o namoro e no início do casamento, vocês se entendiam com mais facilidade? Quando discordavam não era tão difícil assim conseguir chegar em uma conclusão? Porém, toda essa calmaria mudou com a chegada dos filhos e/ou filhas, certo? As opiniões já não se encaixam como antes e o dia a dia não costuma mais seguir sem contratempos, não é mesmo? Fique tranquila que esse cenário não é exclusividade da sua casa. Quando as crianças chegam, é muito comum as divergências surgirem.

“É natural haver divergências, já que pai e mãe vieram de sistemas familiares com regras e padrões diferentes. Divergir em alguns pontos não tem problema, a grande questão é como acontece essa divergência. Se ocorrem na frente das crianças, isso pode impactar negativamente a criança, pois ver discussões entre os pais pode deixá-la confusa e também culpada”, explica a psicóloga Danielle Lucena.

Em um mundo ideal, o recomendado seria que pais e mães conversassem sobre o que esperam na educação de uma criança, antes mesmo de planejarem aumentar a família. Mas sabemos que nem sempre isso é possível e que esse tipo de questionamento surge apenas com a realidade vivenciada no dia a dia.

Então, se esse é seu caso, evite que as crianças presenciem as discussões relacionadas com sua própria educação. “A criança pode interpretar ou perceber que um dos pais a defende mais, vai mais ‘por ela’ do que o outro e isso afetar a relação com aquele que não vai ao encontro da satisfação ou  vontade da criança”, afirma.

De acordo com a profissional, um sistema familiar é formado por subsistemas, sendo  parental (os pais), conjugal (o casal), fraternal (irmãos) e um sistema afeta o outro. “É muito comum em um sistema familiar um dos pais ser mais autoritário, enquanto o outro é mais permissivo. A criança percebe logo essa diferença e tende a se aproximar do mais permissivo. Isso acaba por prejudicar o sistema parental – sistema formado pelo pai e mãe- o que ocasiona o enfraquecimento da autoridade dos pais”, exemplifica.

Quando isso acontece, Danielle afirma que uma das consequências é afetar também o sistema conjugal, prejudicando a relação do casal que frequentemente discorda na educação dos filhos. “Como já disse, o problema não é existir divergência. O que prejudica é quando acontece na frente dos filhos. O casal ou os pais, independentemente de estarem casados, precisam resolver suas divergências entre eles, sem envolver a criança. Isso contribui para o fortalecimento do sistema parental”, completa.

A importância da segurança emocional na infância

Quando a família consegue encontrar um equilíbrio nos pontos que diferem sobre a educação dos filhos, o ambiente fica mais harmônico e previsível, gerando segurança emocional para a criança, o que é fundamental para o desenvolvimento infantil.

Mãe de duas meninas de 5 e 3 anos, a administradora *Tatiane Casimiro, de 36 anos, resolveu procurar ajuda profissional para que ela e o marido pudessem lidar de maneira mais equilibrada com os assuntos relacionados à criação das filhas.

“Eu sempre fui mais a favor de acolher, ouvir, dar colo. Ele, pela criação que recebeu, acha que as meninas não vão respeitar se a gente não se impor, não castigar. Isso começou a afetar nosso casamento. Gosto muito dele, mas não aceito essa forma de tratar nossas filhas”, desabafou.

Para conseguir manter o casamento e fazer com que o marido enxergasse a educação das filhas de outra forma, o casal iniciou sessões semanais de terapia. “No começo, ele não gostou de ideia. Mas foi pelo bem do nosso casamento e hoje já consegue ser um pouco mais empático com as meninas. Ainda tem muito para melhorar, mas já percebo que ele pelo menos está tentando”, afirma Tatiane.  

Fazer terapia em casal é uma das recomendações da psicóloga Danielle Lucena. “Quanto trabalho com orientação aos pais, sempre peço para que compareçam juntos as sessões, porque assim tenho a oportunidade de orientar, esclarecer e tirar dúvidas dos dois. O bom é que possam estar alinhados na forma de educar”, afirma.

Para a psicóloga, o melhor caminho que deve ser percorrido pelos pais é baseado no diálogo e no respeito. “Quando o outro está aberto para ouvir é ótimo. Mas quando não é o caso, insistir e tentar ‘doutrinar’ o outro  pode gerar ainda mais confusão e divergência. Nesses casos, o melhor é agir de acordo com o que acreditamos e assim ser exemplo”, orienta.


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