Se nem para os adultos é fácil receber a informação de que seu filho (a) precisará passar por um procedimento cirúrgico, você pode imaginar como fica a cabecinha dos pequenos com a novidade, não é mesmo? Por isso, apesar de ser um momento de aflição, pais e mães precisam ficar calmos e, então, preparar a criança para a cirurgia. O melhor caminho para o baixinho será entender o que está acontecendo e contar com o apoio da família. 

Para ajudar a criança a enfrentar a situação com confiança, os pais precisam permanecer fortes e seguros. “Quando há algum problema de saúde com uma criança a família inteira entra em comoção, todos que estão no convívio diário com ela anseia sua melhora o mais rápido possível”, afirma a cirurgiã pediátrica Mayone Morais, que é especialista em cirurgia pediátrica oncológica.

Sendo assim, é importante que a família compreenda exatamente o que está acontecendo com a saúde da criança. “É extremamente importante que o cirurgião explique toda a fisiopatologia da doença aos pais e esclareça todas as dúvidas sempre de maneira clara e franca, principalmente se o procedimento cirúrgico for de alta complexidade e haja algum risco de complicações futuras para o paciente”, ressalta Mayone.

De acordo com Mayone, os pais devem estar cientes de todos os processos que a criança será submetida e, ainda, o médico deve sempre orientá-los a conversar com o filho, informando tudo o que irá acontecer. “Devemos sempre orientar a dizer a verdade e nunca esconder para a criança que ela irá ser submetida a procedimento cirúrgico”, enfatiza Mayone.

Após saber exatamente todas as etapas, os pais podem ir contando aos poucos para a criança, sempre de maneira leve e lúdica. “Oriento a conversar bem com a criança, um pouco a cada dia, até chegar o momento da cirurgia. Entrego geralmente uma máscara cirúrgica e um par de luvas para irem mostrando, colocando na criança e explicando o que significa”, exemplifica a médica cirurgiã pediátrica Priscila Ballut Tavares.

Já o médico cirurgião pediátrico e oncológico Pablo Baptista Oliveira lembra ainda que o nível de preparo dos pais dependerá também da complexidade da cirurgia a que a criança será submetida. “As nossas cirurgias do dia a dia, como fimose e hérnias, têm pós-operatório relativamente tranquilo e pouco complicam. Portanto, não há o que os pais se preocuparem tanto. Mas em casos de cirurgias complexas, precisamos ser humanos e claros com os pais para tranquilizá-los e explicarmos bem sobre o procedimento ao qual seu filho vai ser submetido”, pontua.

 5 dicas para preparar a criança para um procedimento cirúrgico

– Explique o que está acontecendo com tranquilidade
– Transmita confiança
– Evite demonstrar ansiedade e/ou estresse com a situação
– Acolha a criança e ouça seus medos
– Converse e incentive a criança a falar o que está sentindo

A criança deve participar da consulta com o cirurgião?

Na opinião da cirurgiã pediátrica Mayone Morais, é recomendado que a criança participe da consulta com o médico cirurgião. “O interessante é que alguns pais querem superproteger seus filhos escondendo o que irá acontecer com eles. Mas essas crianças ficam receosas, desconfiadas e quando chega o dia da cirurgia ela está muito ansiosa, com medo, o que faz com que o cortisol e adrenalina sejam produzidos em maior quantidade, aumentando os batimentos cardíacos, a pressão arterial e a contração muscular, além de acelerar a respiração. Toda essa reação pode influenciar na resposta do corpo ao procedimento cirúrgico”, explica.

O cirurgião pediátrico e oncológico Pablo Baptista Oliveira também considera interessantes, mas desde que a criança tenha idade para compreender o que está acontecendo. “Ali já começa a relação médico-paciente e a relação de segurança e confiança que a criança precisa ter em relação ao médico”, ressalta.

Segundo Mayone, não há nada que a família deva esconder do pequeno (a). Ela acredita que a criança tenha conhecimento sobre tudo que está acontecendo com ela. “Dependendo da idade podemos lançar mão de histórias lúdicas para tentar explicar o porquê que ela está entrando em um centro cirúrgico, porque que ela vai ter que ficar internada em um hospital,  porque que vai acordar com um curativo, essas coisas. Uma criança que está ciente do que vai acontecer pode até estar com medo, mas não entrará em pânico quando entrar na sala de cirurgia”, completa.

Quem compartilha dessa opinião é a cirurgiã pediátrica Priscila Ballut Tavares. Ela reforça que a família não deve omitir informação quando a criança fizer algum questionamento. “Tem muitos pais que falam que não vai ter ‘picada’, que é a injeção. Então, quando chega no momento da cirurgia, onde precisamos pegar um acesso venoso, a criança vê a agulha e já fica com medo, chorosa, pois foi omitido isso dela. Por isso, sempre prezo a sinceridade, óbvio que contando para a criança de uma maneira que amenize o linguajar”, sugere.

Como acolher o medo da criança nesse momento desafiador?

O diálogo é a melhor alternativa para conseguir acolher essa criança. “Quando a criança/adolescente estiver mais quietinho do que o normal, os pais devem procurar interagir com seu filho através de uma conversa, uma brincadeira, buscando sempre passar confiança e empatia, mostrando que está ao lado dele pro que der e vier, sendo o verdadeiro porto seguro”, orienta a cirurgiã pediátrica Mayone Morais, que é especialista em cirurgia pediátrica oncológica.

Para o cirurgião pediátrico e oncológico Pablo Baptista Oliveira, é importante os pais explicarem para os filhos que estarão aguardando por eles após a cirurgia. “Avisar que vai ficar tudo bem, que o papai e a mamãe estarão aguardando o término do procedimento. Enfim, confortar e deixar a criança mais calma possível antes do procedimento”, afirma.


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