Há quem sinta medo de barata, de palhaços, de altura ou de dirigir. No fundo, todo mundo tem um certo temor em determinadas situações e não há nada de errado nisso. Sentir medo é normal, necessário e faz parte do desenvolvimento humano. É graças ao medo que é possível se proteger dos mais variados perigos e continuar a sobrevivência na terra. É por ter medo de ser atropelado (a) que olhamos atentamente os dois lados da rua antes de atravessar, não é mesmo?
Apesar desse sentimento se manifestar logo no começo da vida, com o passar dos anos os temores vão diminuindo e ganhando novos significados. Conforme a criança começa a ficar mais segura e a entender a dinâmica da família, ela não sente mais o pavor de ser “abandonada” pelos pais. Ela entende que seus responsáveis irão buscá-la na escola ao fim do dia, por exemplo. Já na vida adulta, os medos continuam existindo. A diferença é que passamos a ter mais maturidade para enfrentá-los.
Aliás, vale dizer que o medo na infância já costuma se manifestar antes mesmo do bebê completar o primeiro ano de vida. Segundo a psicóloga clínica Milena Roberta Escobar, entre os sete meses até os 18 meses, os receios mais comuns são de pessoas estranhas, barulhos altos e inesperados, e lugares novos.
Já aos 2 anos, as crianças costumam temer os barulhos fortes como trovões, caminhões e carros barulhentos, e sentem medo de ficar longe dos pais. Logo em seguida, começa o período em que a criança desenvolve mais a imaginação. É nessa fase, por exemplo, que surgem os medos dos monstros. “Entre 3 e 4 anos, a criança sente medo de ficar sozinha, de dormir sozinha, de escuro, de monstros, de pessoas com fantasias e tem medo de se perder”, afirma.
Quando os pequenos completam 5 anos, a fase do medo infantil passa a ser baseada em situações mais concretas, como medo de se machucar; de entrar ladrão na casa; de perder alguém que ama, como os pais; de personagens de terror; de ser esquecido; etc.
Entre os 6 e 7 anos, os baixinhos ainda sentem medo de fantasmas, de ficarem sozinhos, se assustam com chuvas fortes e, agora com mais entendimento, passam a ter medo que algo ruim, como a morte, aconteça com os pais.
“Com 8 e 9 anos, as crianças já têm medo de críticas, de nãos serem aceitas, de perderem os pais ou brigarem na escola. Elas já sentem medo do fracasso escolar e sentem medo de errar”, explica Milena.
Como saber se meu filho tem mais medo que o normal?
De acordo com a psicóloga clínica Milena Roberta Escobar, o medo é comum e tem o papel de proteger as pessoas de possíveis riscos e ameaças à sobrevivência. Por isso, a profissional afirma que sentir medo é natural em todas as fases da vida. Porém, mesmo sendo comum e esperado, o medo na infância também precisa ter uma “medida” certa.
“Eu costumo explicar para as crianças que existem dois tipos de medo. Primeiro é o medo que te protege de algo. Depois tem o medo exagerado (patológico), que é aquele medo que nos impede de fazer o que queremos, e atrapalha no nosso dia a dia, que acaba virando ansiedade ou fobias”, explica.
E é nesse limite entre os dois tipos de medo que os pais e mães devem ficar atentos. Repare se o medo que seu filho ou sua filha sente está fora do normal, atrapalhando as atividades do cotidiano. Depois pare e reflita: sua criança deixa de fazer algo que gosta por conta do medo?
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Como tirar o medo de uma criança
Se você acredita que o medo está atrapalhando o desenvolvimento do seu filho ou da sua filha, é recomendado procurar uma psicóloga, que é a profissional indicada para ajuda a criança nessa fase. Entretanto, os pequenos precisam ter o amparo familiar.
Mesmo se a fase do medo infantil está sendo vivenciada pela criança de maneira tranquila, sem atrapalhar o dia a dia, pais e mães devem sempre escutar os filhos. “Esteja aberto (a) para ouvir sobre seus medos e inseguranças, sem julgamentos. Mostre afeto, empatia. O acolha, mostre a ele que o medo que ele sente é algo natural, que vai passar, porém sem desmerecer o sentimento de medo dele. Explique que, em algum momento da vida, todos nós já sentimos, incluindo vocês, pai e mãe”.
Ainda segundo Milena, os pais devem reforçar para a criança que estão ao lado dela sempre que for preciso. “Transmita segurança”, aconselha.