Com quadro geralmente assintomático, as crianças são menos afetadas por complicações para a Covid-19, infecção causada pelo novo coronavírus (SARS-CoV-2), em todo o mundo. Mas, enquanto os idosos configuram o principal grupo de risco, por que os pequenos têm os menores índices de letalidade para o vírus?
De acordo com uma pesquisa realizada no Centro para Controle de Doenças (CDC) dos Estados Unidos, as crianças e os adolescentes têm menos comparabilidade de apresentar os sintomas típicos da doença, quando comparado com os adultos, como tosse, febre e dificuldade respiratória. O estudo ainda afirma que entre os baixinhos, há menos necessidade de hospitalização, assim como é menor o risco de morte.
Para o médico infectologista Arnaldo Gouveia Junior, que faz parte do Comitê de Crise criado pela Prefeitura de Americana para lidar com a pandemia, não é possível afirmar que há menos casos de coronavírus entre as crianças, uma vez que a maioria não tem sintomas. Até agora, o que os cientistas sabem é que elas são afetadas com menos gravidade. “Como a maior parte das crianças pega a doença e não manifesta nada, não são feitos exames nessas crianças. Algo que foi observado na China, com bastante clareza, é que haviam adultos e idosos infectados, mas os médicos não sabiam a fonte de contaminação. Quando examinavam a criança, descobriram que ela estava com o vírus. Muitas vezes, ela pegou até de outra criança, e acaba passando para os adultos”, explica.
Para Gouveia, uma das explicações mais prováveis para que a Covid-19 acometa com menos letalidade as crianças, é o fato do sistema imunológico delas funcionar de maneira diferente dos adultos. “A imunologia da criança é um pouco diferente. Ela funciona baseada no sistema chamado imunidade nata, e o adulto usa muito a imunidade adquiria. Parece que essas manifestações graves pulmonares nos adultos têm uma disfunção da modulação da imunidade adquirida. Já a criança tem a imunidade nata, que aparentemente funciona melhor para conviver com esse vírus”, ressalta.
Entretanto, crianças com problemas respiratórios, neurológicos ou cardíacos, por exemplo, passam a fazer parte do grupo de risco e precisam seguir as recomendações dos órgãos de saúde.
Fora do grupo de risco, há registros de morte em crianças
Apesar de estarem fora do grupo de risco, a Organização Mundial da Saúde (OMS) declarou que há registros de mortes de crianças por covid-19, em todo o mundo. Por isso, é importante ensinar às crianças medidas de higiene e segurança para que elas possam se manter saudáveis e, caso sejam contaminadas, evitar a transmissão para outras pessoas.
Nesse sentido, o Departamento Científico de Infectologia da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) publicou um documento científico com orientações a respeito da infecção pela COVID-19 em crianças.
Entre as recomendações, estão a frequente higienização das mãos, usando água e sabão; e limpar e desinfetar diariamente as superfícies tocadas frequentemente nas áreas em comum da casa, como as mesas, maçanetas e interruptores.
O documento orienta ainda a utilização de álcool em gel ou isopropílico a 70%, quando não for possível lavar as mãos; limpar frequentemente as telas de celulares, tablets e computadores; e permanecer em casa o máximo possível.
Caso algum familiar, que more na mesma residência da criança, apresentar sintomas de coronavírus, o departamento científico ressalta que essa pessoa deve manter-se isoladas em um ambiente diferente dos demais moradores da casa; não compartilhar objetos de uso pessoal, como toalhas, talheres, copos, etc; manter os ambientes bem ventilados com janelas abertas; utilizar máscaras quando houver contato com outras pessoas; observar os sintomas e entrar em contato com um médico se a doença piorar. O documento está disponível na íntegra neste link.
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