Quando os pais menos esperam, chega uma nova fase na dentição dos filhos: a troca dos dentes decíduos, popularmente conhecidos como dentes de leite, pelos permanentes. Esse é um processo importante para os pequenos, que costumam ficar orgulhosos, exibindo a “janelinha” para a família e para os amigos.
Segundo a odontopediatra Micaela Cardoso, que também é professora de pós-graduação, no passado essa troca acontecia por volta dos 6 anos. Entretanto, ela afirma que atualmente não há um padrão, e que essa troca acontece de acordo com o desenvolvimento individual de cada criança. “Uns demoram mais e outros trocam mais rápido. Isso não é mais uma regra, visto que a cronologia de erupção não está mais seguindo um padrão. Acredita-se que, crianças que têm seus dentes de leite mais tardio, demoram mais para trocá-los também. Outra curiosidade é que, meninas evoluem e crescem antes que os meninos, então elas também podem apresentar uma troca dos dentes de leite pelo permanente de forma antecipada se comparada ao deles”, explica.
O processo de amolecimento do dente de leite é chamado de exfoliação e não exige necessidade de intervenção. “Quando o dente começa a amolecer, é interessante que a criança vá aos poucos movimentando-o”, afirma.
Porém, não há necessidade de querer acelerar essa etapa. De acordo com a profissional, não é preciso ter pressa, pois o dente de leite não vai afetar o ‘espaço’ do dente permanente. “Vale lembrar que o dente permanente que irá nascer é maior que o dente de leite e irá ocupar seu lugar. Se houver um comprometimento no crescimento ósseo, esse dente briga por espaço na boca e acaba levemente girando para poder encaixar na janelinha”, afirma. Após a troca do dente, a cicatrização é rápida e os cuidados com a higiene bucal devem ser mantidos.
Confira nossa coluna de Odontologia, escrita pela Dra. Mary Nassif!
Qual a ordem da troca de dentes?
Geralmente, o processo da troca de dentes começa com a substituição dos quatro dentes da frente da parte inferior da boca, que são chamados de incisivos centrais e laterais inferiores. Na sequência, ocorre o amolecimento dos quatro dentes da frente da arcada superior, que são os incisivos centrais e laterais superiores.
Os novos dentes nascem com um ‘serrilhado’ na borda, que são os três pontos de desenvolvimento do esmalte do dente. Porém, esse serrilhado desaparecerá conforme o esmalte for desgastado naturalmente com a mastigação.
Assim que essa fase termina, é comum a criança passar por um período sem nenhuma troca dentária. Depois, inicia-se uma segunda fase de troca de dentes, em que os caninos e molares decíduos (de leite) serão trocados. Na maioria das crianças, primeiro ocorre a troca dos caninos inferiores, seguidos pelos primeiros pré-molares, segundos molares e, então, amolecem os caninos superiores.
Como deve ser a higiene bucal com a troca dos dentes?
A odontopediatra Micaela Cardoso ressalta que os mesmos cuidados com os dentes de leite devem continuar na dentição permanente. Escovar os dentes após as refeições e o uso de fio dental pelo menos uma vez ao dia, continuam a valer.
“O que muda é a quantidade de dentifrício floreado (pasta de dente com flúor) a ser utilizado. Após 6 anos, é necessário utilizar uma quantia equivalente a um grão de ervilha”, recomenda.
A profissional também recomenda que os pais invistam em escovas de cabeça pequena e cerdas macias.
O dente permanente nasceu, mas o de leite não amoleceu. E agora?
Se isso acontecer, o ideal é procurar um odontopediatra. O especialista deve realizar uma avaliação para verificar por qual motivo o dente não amoleceu. “A alimentação pastosa influencia muito no processo de reabsorção da raiz do dente de leite. Quanto mais alimento pastosos dermos aos nossos filhos desde bebê, menos estaremos estimulando seu crescimento e a rizólise (processo de reabsorção) da raiz do dente de leite. Então, a criança deve crescer conhecendo todo o tipo de consistência dos alimentos, desde os mais duros até os mais moles. Assim, teremos uma mastigação e crescimento estimulados”, orienta.
A genética também pode ter alguma ligação nesses casos. “Se há alguma restrição no crescimento, também pode ocorrer erupção ectópica do dente permanente (quando o dente permanente nasce atrás do de leite e este último não amolece)”, justifica.
Faculdade de Odontologia arrecada dentes de leite para pesquisa
Você ainda não sabe o que fazer o dente de leite do seu filho (a)? Que tal dar uma “mãozinha” para a ciência e doá-lo? Isso mesmo! A Faculdade de Odontologia da USP (Universidade de São Paulo), utiliza dentes de leite em pesquisas. Uma das áreas estudadas são as células-tronco.
Para doar, basta acessar o site www.enderecodafadadodente.com.br, preencher um formulário com nome, endereço, CEP, cidade e Estado. Em seguida, os doadores receberão em casa uma carta, já selada, pronta para a doação dos dentes, além de assinarem um termo de autorização obrigatório. Além de não ter custo, os interessados podem baixar no site um livro de história, selos e papéis de parede com a campanha da fada do dente.