Independente da idade da criança, escolher a escola é sempre um momento delicado e que gera muitas dúvidas para os pais e mães. Afinal, é na instituição de ensino que o pequeno passará a maior parte do dia e é ali que ele irá aprender e se desenvolver. E se até o início de 2020 as famílias já tinham inúmeros questionamentos, agora o cenário pode ser ainda mais desafiador. Já parou para pensar nos pontos que devem ser levados em consideração na hora de escolher uma escola em tempos de pandemia?

Se no passado – não muito distante – as recomendações para refletir sobre essa decisão eram quanto à pedagogia utilizada na escola, a distância da instituição de ensino e se o colégio oferecia uma alimentação saudável, atualmente também é preciso analisar aspectos relacionados com a pandemia, como o cumprimento dos protocolos sanitários.

“Os protocolos sanitários sempre foram muito importantes na escolha da escola, pois a transmissibilidade de vírus em geral entre as crianças pequenas sempre foi um fator relevante. Com a pandemia, as escolas tendem a estar mais bem preparadas para receber as crianças diante desse cenário, o que minimiza bastante os riscos, mas é preciso observar se o discurso está condizente com a realidade do dia a dia escolar”, pontua a educadora parental Júlia Maturana, que também é CEO do Hugspot, um espaço de apoio familiar localizado em São Paulo (SP).

Júlia ainda sugere para a família passar um dia na escola observando a lavagem das mãos dos profissionais e alunos, o uso e troca de máscaras e a utilização constante de álcool em gel.

Ainda neste cenário pandêmico, o acolhimento que a escola oferece aos alunos também deve ser analisado. “Eu diria que o acolhimento é o item mais importante da vivência da primeira infância no ambiente escolar. Ele é um ponto crucial para uma relação saudável da criança com a escola. É no acolhimento que a criança é estimulada a cooperar e a superar erros e medos”, ressalta.

De acordo com a profissional, a partir do acolhimento é possível que a criança tenha uma maior adesão aos protocolos de segurança, além de facilitar ainda mais o prazer pelo estudo, o que pode ser contribuir ao longo da vida escolar. “Para saber se a escola tem um acolhimento significativo, é preciso analisar a maneira como a adaptação é feita. Escolas que não permitem ou que limitam a entrada dos pais antes da criança se sentir segura não são o melhor exemplo de acolhimento, e possivelmente não o farão da maneira esperada internamente”, pontua.

Como a escola está lidando com o processo de aprendizagem durante a pandemia?

Durante os longos meses com as escolas fechadas, algumas crianças se adaptaram mais facilmente ao ensino remoto e conseguiram absorver melhor o conteúdo. Outras já sentiram mais dificuldade e, consequentemente, tiveram o processo de ensino prejudicado ao longo desse período. Agora, com a retomada das aulas presenciais, a maneira como a instituição escolar está lidando com essa nova etapa é algo que também deve ser observado pelas famílias na hora de escolher a escola.

De acordo com Yan Navarro, diretor acadêmico das escolas Luminova, é importante analisar o que a escola faz para recuperar os alunos que tiveram a aprendizagem afetada pela pandemia. “O projeto da Luminova estimula o trabalho colaborativo entres os alunos. Com a pandemia, inicialmente foi difícil manter esse tipo de atividade e tivemos que nos reinventar. Com a volta parcial, os professores tiveram que novamente se adaptar, pois ao mesmo tempo em que a maior parte dos alunos permanecia em casa, outros voltaram presencialmente. Os alunos, nesse período, tiveram dificuldades na adaptação para uma nova rotina. Dessa forma, no retorno presencial, nos preocupamos muito em ajudar os alunos no desenvolvimento de uma rotina escolar e em aprender a se organizar academicamente”, exemplifica Navarro.

Uma estratégia adotada pelas escolas Luminova será a revisão do conteúdo no início do próximo ano letivo. “Para 2022, os nossos alunos atuais, em sua grande maioria, devem permanecer na escola Luminova, mas nossa maior preocupação é com os novos alunos que poderão apresentar diferenças de aprendizagem em relação aos nossos. Dessa forma, iniciaremos o novo letivo revisando os principais conteúdos do ano anterior, com um olhar de retomada para que o aluno se reoriente e, a partir desse ponto, fazer um diagnóstico desses alunos”, ressalta.

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