Qual mãe ou pai nunca ficou na indecisão se acordava ou não a criança para medir a febre? Fica aquela dúvida entre preservar o precioso sono infantil ou confirmar se a temperatura realmente está elevada, não é mesmo? Apesar de ser difícil manter a tranquilidade, a pediatra Camila Vital Cardoso ressalta que não há motivos para desespero e que é possível deixar os pequenos descansando em paz.

Não é necessário acordar, porque isso acontecerá se a criança sentir desconfortável, seja pelo frio, sede ou qualquer outro sintoma e, então, fazemos a aferição. O ideal é não cobrir, manter o local arejado e em observação de um cuidador”, recomenda a médica.

Já sobre a medicação, a pediatra ressalta que é o estado geral da criança que indica se é necessária ou não. “O que vai nortear a medicação é o estado geral da criança e o desconforto dela. Por isso, existirão crianças que com 37.5 precisarão ser medicadas e outras que com 38.5 não será necessário”, explica.

De acordo com Camila, é considerado febre a temperatura axilar superior a 37.8. graus. Porém, ela ressalta que não há um consenso mundial sobre esse número absoluto, pois alguns países consideram febre acima de 37.5 graus.

Você sabia que febre é uma defesa do organismo?

A pediatra Camila Vital Cardoso explica que febre não é uma doença, mas sim uma resposta de defesa do organismo a uma agressão. “Essa agressão pode ser física, química ou biológica. Durante esse processo ocorre constrição dos vasos periféricos, por isso mãos e pés ficam frios e dilatação dos vasos mais profundos levando sangue e células de defesas”, pontua.

Durante a febre, também ocorre o aumento da frequência cardíaca e respiratória. À medida que esse processo vai ocorrendo provoca uma sensação desconfortável na criança e é esse desconforto que precisa ser avaliado, orienta.

Segundo Camila, as crianças estão com sistema imunológico em formação e, por isso, na primeira infância podem apresentar até entre oito e dez infecções virais por ano, sendo uma média de quase uma por mês. “Nos bebês nos primeiros 2 meses de vida podem também ocorrer febre por baixa ingesta ou aquecimento pelo excesso de agasalho, mas essa condição precisa obrigatoriamente ser avaliada para descartar infecção bacteriana”, lembra.

Febre não é sinônimo de pronto-socorro

Ao perceber que a criança está com a temperatura mais alta, é comum muitas famílias se desesperar e correr imediatamente para o pronto-socorro. Porém, a pediatra Camila Vital Cardoso enfatiza que, na maioria das vezes, não é necessário buscar atendimento com urgência.

“O ideal é que a família forneça o antitérmico prescrito pelo pediatra e mantenha a criança tranqüila, hidratada e com roupas confortáveis em observação domiciliar por aproximadamente 72 horas (três dias), que será o tempo necessário para aparecimento de outros sintomas que fazem parte do diagnóstico ou acontecerá a resolução do quadro, na maior parte das vezes”, explica.

Entretanto, a médica afirma que existem casos que precisam de atendimento imediato. Os sinais de alerta que devem ser observados pelos responsáveis, são: alteração de comportamento (letargia, sonolência ou irritação), convulsão, vômitos persistentes, manchas vermelhas no corpo, principalmente que não desaparecem quando pressionado, recusa para tomar líquidos e dificuldade para respirar.

Você sabe o que é febrefobia?

De acordo com a Sociedade Brasileira de Pediatria, a febre é uma das queixas mais comuns nos atendimentos pediátricos. Cerca de 20% a 30% das consultas nos consultórios a referem como queixa única preponderante, aumentando para 65% das consultas nos serviços de emergência, chegando a 75% nos atendimentos telefônicos e WhatsApp dos pediatras.

Apesar de a febre normalmente ser a primeira manifestação de infecções virais agudas, ela é temida por muitos adultos, pois também pode se apresentar como sinal inicial de doenças graves. Para quem tem medo da febre, sente uma forte sensação de ansiedade, acompanhada de intensa insegurança, surgiu até mesmo uma expressão: a febrefobia.

A professora Camila Guimarães, de 36 anos, acredita que já teve febrefobia. No primeiro ano de vida da filha mais velha, a menina chegou a ter uma crise de convulsão durante um episódio de febre. “Eu estava grávida da minha caçula e fiquei ainda mais desesperada. Achei que estava perdendo a minha filha mais velha. Corri para o hospital na hora, mas ficou tudo bem”, lembra.

No dia, a criança foi medicada e ficou em observação. O quadro nunca mais se repetiu. Porém, toda vez que a temperatura de uma das filhas subia, Camila conta que já entrava em desespero. “Eu percebia um nariz escorrendo e já ficava aflita”, afirma. Segundo a professora, apenas com o passar do tempo ela foi ficando mais tranquila. “Hoje as meninas têm 6 anos e 4 anos e nunca mais tivemos um susto como aquele. Então, agora consigo ter mais tranquilidade para lidar com uma febre”, completa.


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