Enquanto a pandemia tem deixado mães e pais sobrecarregados ao terem que administrar uma rotina equilibrada entre home office e todas as demandas dos filhos e filhas, inclusive as escolares, os pequenos também dão sinais de que estão exaustos de ficarem em casa. Afinal, se para os adultos esse contexto é puxado, também não tem sido fácil para as crianças, que estão há cinco meses sem ir na escola, distantes dos amigos, sem frequentar a casa dos avós e longe das brincadeiras nos playgrounds.
Com todos os desafios desse novo cotidiano, qual mãe e pai ainda não sentiu a tentação de flexibilizar o isolamento? Mas, então, surge a dúvida: será seguro realizar passeios ao ar livre com os filhos? “Realmente, é um momento crítico, onde as crianças já estão esgotadas sem socialização. O grande problema é que é um vírus novo e, até o momento, a única medida concreta que possuímos é o isolamento social”, explica a pediatra Luciana Rimolo Leal.
Sendo assim, infelizmente, segundo os especialistas, ainda não é possível afirmar que exista alguma atividade que seja 100% segura para fazer com os baixinhos fora de casa. “No momento de transmissão que estamos no Brasil, sendo o segundo país com maior número de diagnósticos e óbitos no planeta, falar em segurança total para práticas ao ar livre é muito difícil. Eu diria que é possível, obedecendo às medidas preventivas, porém continua havendo risco”, ressalta o médico infectologista Igor Marinho.
Foco nos distanciamento
Para a pediatra Vanessa Scheeffer, que é mestre em Saúde da Crianças, brincar ao ar livre pode ser uma alternativa para passear com as crianças, desde que todos os protocolos de saúde sejam seguidos. “A evidência atual indica que a transmissão do novo coronavírus se dá através do contato com pessoas contaminadas, principalmente através das gotículas de saliva. Porém, o contato através de superfícies contaminadas também é possível. Sair ao ar livre pode ser seguro, desde que o distanciamento social seja respeitado, a máscara facial esteja posicionada de maneira correta e o uso frequente de álcool gel seja assegurado”, afirma. O uso de máscara facial é recomendado para todas as pessoas a partir dos 2 anos.
Marinho compartilha da mesma opinião, e ainda reforça a necessidade de evitar aglomerações. “Neste momento, o mais seguro é evitar sempre que possível o contato com outras pessoas em aglomerações. No entanto, a prática de atividades ao ar livre, com medidas de distanciamento, uso de máscaras e higienização de mãos é possível, desde que sejam garantidas as medidas de prevenção”, afirma.
As alternativas possíveis
Sendo assim, os espaços verdes das cidades, com apenas árvores e grama, podem ser uma saída para mais segura para as famílias que buscam um local para se divertir com os filhos e, ainda, ter contato com a natureza. “A contaminação através de superfícies como grama ou árvores é improvável. Se não houver aglomeração e usando álcool gel com regularidade, pode ser algo seguro”, pontua Vanessa.
A pediatra Luciana também acredita que locais abertos e arejados podem ter menos riscos de contaminação. “Nas regiões onde estamos com redução de casos e a flexibilização, brincar ao ar livre, em locais que a criança possa higienizar as mãos, me parece seguro”, acrescenta. Porém, Luciana orienta que nas cidades que ainda estão na fase vermelha, com grande taxa de ocupação de leitos nos hospitais, o melhor ainda é permanecer totalmente em quarentena.
A ressalva do infectologista Marinho é observar se essas áreas não são frequentadas por outras pessoas, que podem estar contaminadas. “Esse tipo de ambiente parece seguro, desde que seja garantido que não houve a possibilidade de pessoas potencialmente contaminadas passando por ali nos últimos dias. Vale Lembrar que o coronavírus pode persistir em ambientes por horas”, enfatiza.
Andar de bicicleta com a criança também pode ser uma atividade segura, desde que todos os cuidados com a saúde também sejam mantidos. “As crianças acima de dois anos e os adultos devem utilizar máscara quando saírem na rua. Os pais devem buscar locais pouco frequentados para os passeios, evitando o contato com outros transeuntes que possam estar na rua também”, destaca Vanessa.
Parquinhos ao ar livre são seguros?
Já os playgrounds e os parquinhos, que são tão adorados pelas crianças, ainda não devem ser frequentados pelas famílias. “Alguns estudos mostraram que o novo coronavírus pode ser encontrado em superfícies. Ainda não está comprovado se a quantidade é viável para contaminação. No entanto, até maior evidência, é ideal evitar parquinhos e bancos públicos. Apenas borrifar álcool nas superfícies não é suficiente, é necessário esfregar”, pondera Vanessa.
Segundo Marinho, a higienização dos brinquedos com álcool diminui o risco, porém ele ainda continua existindo. Já a pediatra Luciana é contra o uso desses espaços por conta da possibilidade de aglomerações, além da possível contaminação dos brinquedos. “Sou totalmente contra devido ao fluxo de pessoas e a dificuldade de higienização dos brinquedos”, completa.
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