Nos primeiros meses de vida do bebê, é aquela ansiedade para as consultas pediátricas. Afinal, quem não fica na expectativa para saber o peso, a altura e o desenvolvimento do recém-nascido? O primeiro ano completo chega e, geralmente, as mães e os pais já estão mais tranquilos e adaptados aos cuidados com o filho e/ou filha e ir ao pediatra já não é mais um “evento”. Então, a criança faz 2 anos e muitas famílias deixam de realizar a consulta de rotina e a visita ao médico passa a existir apenas quando o pequeno (a) adoece. E se você se identifica isso, saiba que é preciso rever essa postura.

De acordo com a Academia Americana de Pediatria, é recomendada, ao menos, uma avaliação anual das crianças após os 2 anos. Entretanto, há pediatras que indicam manter uma periodicidade ainda menor. “Pessoalmente, eu sugiro avaliação a cada seis meses”, afirma a pediatra Vanessa Scheeffer, que é também é doutouranda em pediatria e mestre em saúde da criança e do adolescente.

A médica explica que as mesmas questões que eram avaliadas nos dois primeiros anos de vida, seguem sendo importantes mesmo a partir dos 2 anos. “Avaliação da alimentação, comportamento, peso, altura e exame físico completo são fundamentais para garantirmos a saúde da criança. Também, após os 3 anos, entra a avaliação da pressão arterial na avaliação de rotina. É o que sempre digo às famílias: apenas olhando, não temos como saber se a criança está saudável”, ressalta.

Segundo Vanessa, mantendo as consultas das crianças com os intervalos recomendados, diversas doenças podem ser evitadas, além de promover um melhor acompanhamento do desenvolvimento infantil. “Questões relacionadas à nutrição, como sobrepeso, obesidade e deficiências vitamínicas – a conhecida ‘fome oculta’, visto que temos alguns sinais que aparecem no exame físico frente a um quadro de deficiência vitamínica”, explica. Outras doenças, como problemas renais, cardíacos, reumatológicos e até câncer podem ser precocemente diagnosticados nas consultas de rotina.

Mesmo durante a pandemia, consultas devem ser mantidas

Se antes mesmo da pandemia muitas famílias já deixavam de frequentar regularmente a pediatra após a criança completar 2 anos, o atual cenário vivenciado no país espaçou ainda mais o acompanhamento médico de muitos pequenos e pequenas. “Tanto é que o diagnóstico de câncer infantil caiu drasticamente no ano de 2020. Isso ocorreu por falta de diagnóstico precoce, e não porque os casos diminuíram. Outras doenças também foram tardiamente diagnosticadas ao longo de 2020, como doença inflamatória intestinal. Sem falar na ocorrência de sobrepeso, que aumentou significativamente e que poderia estar sendo diagnosticada em consulta de rotina”, enfatiza a pediatra Vanessa Scheeffer.

Por isso, é fundamental manter a consulta das crianças em dia, mesmo durante o cenário pandêmico. “Os médicos estão seguindo protocolos recomendados pela Sociedade Brasileira de Pediatria, que incluem espaçamento das consultas, diminuindo aglomeração nas salas de espera, higiene da sala de atendimento entre as consultas, bem como atendimento de crianças potencialmente doentes em horário diferenciado das crianças que vem para consulta de rotina”, exemplifica. Como o Brasil ainda enfrenta o vírus, situação que deve continuar ao mesmo ao longo de 2021, a pediatra complementa que é “importante que os pais voltem a levar as crianças às consultas de rotina, bem como aos postos de saúde para se vacinarem”, pontua.

“É ótimo ter um pediatra de confiança, com quem podemos contar”

A biomédica e consultora de amamentação Renata Gimenez Bosso é mãe da Liz, de 3 anos. Apesar de já ter mais tranquilidade quanto aos cuidados da filha, Renata ressalta que mantém as consultas sempre em dia, pois à visita continua auxiliando no dia a dia com a menina. “Nos conforta saber que está tudo bem com a saúde dela após os exames físicos, que está tudo dentro da normalidade. E, na última consulta, por exemplo, a pediatra nos orientou sobre a escola, pois estávamos tão inseguros, principalmente pela situação da pandemia. É ótimo ter um pediatra de confiança, com quem podemos contar para esclarecer dúvidas das mais diversas situações que implicam na vida dos nossos filhos”, afirma.

Para Renata, a consulta pediátrica continua sendo essencial, mesmo quando a criança já é considerada “grande” e não deve ser mantida apenas quando o filho ou filha adoece. “São nas consultas de rotina que são acompanhadas as curvas de crescimento e peso, conferida a caderneta de vacinação para ver se tudo está em dia, se a criança está atingindo os marcos de desenvolvimento esperados para a idade. Coisas que, apesar de toda informação que temos disponível na internet, precisam ser monitoradas pelo pediatra. Eu acredito na prevenção dos problemas, por isso, não deixo de levar a Liz às consultas de rotina”, esclarece.


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