Com o ensino escolar sendo realizado em casa, a tarefa de orientar e guiar as crianças com as atividades escolares passou para os pais – que se vêem perdidos e ansiosos em como desempenhar bem esse papel. Por isso, chamamos os profissionais no assunto para nos ajudar nessa desafiante tarefa. Confira!

De um dia para o outro, engenheiros, economistas, advogados, médicos, jornalistas, administradores, designers, dentistas, publicitários, empresários e tantos outros profissionais tiveram que assumir mais uma função no seu dia de trabalho: a de professor. Com as escolas fechadas e os filhos em casa, a educação das crianças passou para a lista de responsabilidades de  pais e mães que, muitas vezes, se veem perdidos na tarefa de como educar os filhos academicamente. “A educação de jovens e crianças é coisa séria e acho que muitos pais estão percebendo o quão importante e desafiadora é essa atividade. Para que não tem formação na área, como eu, nem inclinação para isso, a coisa fica ainda mais difícil. O bacana é que estamos todos aprendendo – meu filho, a matéria da escola, e eu, em desempenhar esse papel de educadora e apoiá-lo no processo de aprendizagem. Acho que depois da quarentena, muitos pais verão os professores sob outra ótica,” afirma Corina Monzon, empresária e mãe de Diego, de 16 anos. 

De acordo com a Debora Noemi Inouye, sócia e diretora de Tecnologia Educacional da Happy Code e que trabalha com Tecnologia Educacional há 15 anos, o caminho para escolas e pais é simplificar. Complicar sua escola em casa e pressionar o aluno só gera estresse e frustração. É preciso preencher o tempo de forma prazerosa, saudável, para eles e para a família” afirma. Outra dica dela é planejar o dia, com o aluno, mas deixar também que ele se auto gerencie, já que isso também faz parte do processo de aprendizagem e desenvolvimento. Por fim, Debora diz: “Divirtam-se! Intercalar as atividades escolares com momentos de descontração, inserir atividades lúdicas ou mesmo jogos online ou off-line torna tudo mais prazeroso e leve”.

As dicas das mestras

Há 20 anos dando aula para crianças de 5 e 6 anos, a pedagoga e psicóloga Maria Beatriz Sica tem propriedade em falar dos desafios que os pais estão passando em casa e recomenda: “O mais importante nesse momento é não tornar as atividades uma obrigação estressante para as crianças, sem levar em conta que elas também estão vivendo um momento de incerteza e angústia com toda essa questão do coronavírus.” Segundo ela, o mais importante para os alunos de educação – sobretudo infantil – é estabelecer uma rotina, assegurar-se de que eles tem um espaço tranquilo e com recursos para pesquisa (com livros, revistas ou computadores). Confira outras dicas que Maria Beatriz dá para os pais:

  1. Sente com a criança e estabeleça, com ela, por escrito ou desenhado, a agenda de atividades do dia
  2. Coloque o mais difícil ou extenso em primeiro lugar, já que no início das atividades a atenção dos pequenos é maior
  3. Faça com que a escola em casa seja gostosa!
  4. Respeite o ritmo da criança, parando ou adaptando as atividades quando necessário
  5. Pausas para um suco e lanchinhos são fundamentais, sobretudo para os menores
  6. Organize a mesa e o material que será utilizado no dia

E, sobretudo, exija-se menos. “Os pais precisam entender que não são professores, mas mediadores entre as crianças e as escolas nesse momento” afirma. 

A professora Marjorie Manning, professora de Educação Fundamental de uma escola pública do Texas, reforça a mesma opinião – que os pais devem ser realistas com sua função de educador, pacientes com suas limitações e saber que tudo bem se não conseguirem fazer tudo o que planejaram. “Lembrem-se: o primeiro ano como professor é muito difícil para nós também – e nós estudamos e nos preparamos para isso. Não espere que sua primeira tentativa no homeschooling seja perfeita.” Além disso, ela dá 3 dicas importantes para arrasar nas aulas com seus pequenos alunos:

  1. Tenha um espaço reservado para o estudo
  2. Planeje um horário flexível
  3. Dê opções de escolha às crianças para que elas tenham autonomia em decidir o que vão fazer antes
  4. Leia todos os dias e então escolha UMA área para trabalhar a cada dia – assim você não exagera na dose para seu filho nem para você mesmo

Monica Malanco, mãe de Isabella e Andrea, sabe bem disso e tenta flexibilizar as atividades das crianças sempre que possível. “Acho importante termos paciência e respeitarmos a personalidade, o ritmo e disposição de cada criança. Uma é mais independente, a outra precisa de mais atenção e se frustra quando erra e precisa de mais pausas.” A profissional de marketing também afirma que tem sido complacente consigo mesma. “Faço o meu melhor mas respeito minhas limitações. Não posso querer ser a mesma que a professora da minha filha, que foi treinada e está há 20 anos fazendo isso.” Por fim, Monica conclui: “Devemos saber que estamos operando fora do normal. Temos que ser extra pacientes com eles e com nós mesmos. Além do aprendizado acadêmico, há muitas coisas que as crianças estão aprendendo para a vida: como cozinhar com o que temos em casa, arrumar suas próprias coisas, inventar brincadeiras em casa.  Mais do que matemática e gramática, estão aprendendo a resolver problemas, ser criativos e flexíveis. Tenho certeza de que vão levar isso para a vida.”


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