Pode reparar: todos os bebês têm a sola do pé reta, sem a curva que impede que ele fique inteiramente em contato com o chão. Então, a criança vai crescendo e, frequentemente, surge a dúvida se ela tem o pé plano, popularmente conhecido como “pé chato”, que é quando a curvatura interna da sola, chamada de arco longitudinal medial, apresenta-se diminuída ou ausente. “Como consequência, a sola dos pés fica toda em contato com o chão”, explica a fisioterapeuta Maria Amélia Da Silva Albuquerque. De acordo com a SBOP (Sociedade Brasileira de Ortopedia Pediátrica), esse é um dos motivos mais recorrentes das visitas em consultórios ortopédicos. 

Entretanto, a pediatra Fernanda Nakagawa ressalta que pais, mães e cuidadores devem ficar tranquilos, pois esse arco começa a ser formado a partir dos 2 anos. “É importante lembrar que ninguém nasce com o arco plantar formado, pois nessa região, normalmente, existe gordura, o que deixa o pezinho totalmente plano. A partir dos 2 anos inicia-se a formação do arco, espontaneamente, pelo próprio crescimento da criança. Este desenvolvimento pode ocorrer até os 6 anos ou mais”, afirma.

Para a fisioterapeuta Maria Amélia o diagnóstico de pé chato só pode ser feito após os 5 anos, quando o desenvolvimento muscular da criança já está completo. “Ao dar os primeiros passos, observe se, quando seu filho fica nas pontas dos pés, forma-se uma pequena curvatura. Esse é um bom indicativo de flexibilidade, necessária para o desenvolvimento do arco no futuro”, pontua.

Segundo a pediatra Fernanda, é possível aguardar, sem preocupação, a criança completar 8 anos. “Somente em caso de dor na parte plantar é que pode ser feito o tratamento através do uso de palmilhas”, completa.

Fernanda ainda acrescenta que não há nenhuma relação comprovada entre dor nas costas, problemas no joelho e outras articulações provocadas pelo pé plano. “Somente se considera a possibilidade de cirurgia para correção de pé chato quando a criança apresenta dor intensa e existe, de fato, uma deformidade”, explica. Já a fisioterapeuta Maria Amélia ressalta que, em casos excepcionais, o pé chato pode limitar a prática esportiva.

 

Meu filho tem pé chato. E agora?

De acordo com a pediatra Fernanda Nakagawa, a intervenção cirúrgica é muito rara e específica para casos com deformidades. “Usualmente o tratamento é baseado em exercícios, como caminhar descalço sobre superfícies irregulares, como areia e grama; uso de calçados anatômicos; e natação”, orienta. A médica ainda destaca que o de botinhas ortopédicas não é mais utilizado como tratamento. 

A fisioterapeuta Maria Amélia Da Silva Albuquerque indica manter apenas um acompanhamento com um especialista. “Por ser uma característica transitória, não é necessário tomar providências. A orientação é manter apenas o acompanhamento periódico com um especialista. Ir ao fisioterapeuta pediátrico também vai auxiliar no tratamento precoce e vai ajudar a formação do arco plantar”, recomenda. 

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