Enquanto alguns bebês dão os primeiros passos com apenas 10 meses, outros se sentem seguros para andar apenas com 1 ano e 6 meses. Já aos 2 anos, há crianças que conseguem formar frases inteiras e há aquelas que ainda estão falando as primeiras palavras. E não há nada errado com o pequeno que atinge esses marcos um pouco cedo ou mais tarde. São situações que apenas evidenciam que cada ser humano é único.
E com a alfabetização, os especialistas defendem, que é exatamente assim: cada criança possui seu próprio ritmo.
Devido à formação biológica, psicológica, social e cultural, cada ‘baixinho’ carrega uma histórica particular e única. Sendo assim, apresentará uma evolução individualizada na aprendizagem escolar. Cabe aos professores e a família acompanhar e participar da trajetória desse pequeno ser, ainda em desenvolvimento.
“Cada criança tem o seu ritmo, mas cabe ao profissional da Educação, presente em sala de aula, usar diferentes estratégias para tentar ensinar a criança de maneira eficaz. Às vezes pode-se, também, utilizar de reforço ou estudo dirigido e, havendo a suspeita de alguma dificuldade na parte cognitiva, deve-se encaminhar para o acompanhamento psicopedagógico”, afirma a professora de educação bilíngue Maísa Scarpellini dos Santos.
De acordo com a profissional, quanto maior a participação da família na alfabetização infantil, melhor é o aprendizado do aluno. “A participação pode ser por meio de leituras para despertar o interesse da criança e outros estímulos lúdicos. Porém, para que isso ocorra de maneira efetiva é preciso que os pais saibam como estimular a criança, sem que o educando se sinta pressionado ou cobrado, o que poderia ocasionar em um bloqueio para o mesmo”, orienta.
Entretanto, quando é necessário se preocupar com uma possível dificuldade da criança em aprender a ler e escrever? O primeiro passo é lembrar que, assim como engatinhar, andar e falar, cada um levará o tempo necessário para adquirir e dominar essas novas habilidades. Respeitar as diferenças é um dos segredos para iniciar esse novo desafio escolar.
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A escola deve estar atenta ao desenvolvimento individual
No Brasil, a alfabetização formal tem início aos 6 anos. Portanto, é somente a partir dessa idade que as instituições devem começar a se preocupar com uma possível dificuldade que um determinado aluno pode apresentar nesse início de aprendizagem.
“As dificuldades são sempre percebidas através das comparações entre o grupo (as crianças que formam aquela sala). Ou seja, existe um conceito que foi trabalhado com todos e a maioria sintetizou. Então, a professora tem a possibilidade de perceber que determinada criança não absorveu aquele conceito trabalhado”, explica a pedagoga Veridiana Romeiro.
Para ela, é válido tentar novas formas de ensinar para que aquela criança tenha a oportunidade de aprender o conteúdo. “Se eu vou ensinar a alguém como se chega até a minha casa e a pessoa não consegue chegar, fui eu que passei a informação de uma maneira ruim. Afinal, sou eu que detenho as informações precisas para chegar até minha casa, e não a pessoa. Isso é perfeitamente o que acontece em sala. Se a criança não entendeu, foi a professora que ‘enviou a mensagem errada’, pois a gente passou a informação de uma maneira que a criança não entendeu. Devemos, portanto, mudar a estratégia, modificar a maneira como estamos passando a informação”, recomenda.
Segundo a professora Maísa Scarpellini dos Santos, a escola é responsável por estimular e acompanhar o aprendizado de cada criança. “Caso alguma apresente dificuldade, a escola inicia um contato com os pais para tentar entender se a mesma teve estímulo em casa ou se a família apresenta alguma situação particular que atrapalhe o aprendizado da criança. Caso não encontre motivos, a escola faz uma observação mais atenta, com orientações da psicopedagoga, para entender se pode ser alguma questão cognitiva. Caso realmente haja a suspeita, a escola pode encaminhar um pedido para avaliações com especialistas”, afirma.
Contudo, a profissional lembra que as instituições de ensino não podem fazer diagnósticos ou laudos, sendo permitido apenas fazer encaminhamento para profissionais da área. Vale ainda destacar que o pouco diálogo da família com a criança, a falta de material escolar, pouca estrutura física da escola e o número excessivo de alunos em sala de aula – principalmente nessa fase em que exige atenção e acompanhamento individual – podem dificultar a alfabetização infantil.
Pais e escola devem ser parceiros no processo educacional
Independentemente do seu filho apresentar dificuldade ou não no processo de alfabetização infantil, especialistas são categóricos ao afirmar que a participação ativa da família é essencial no processo de aprendizagem da criança.
Pais e mães podem, e devem, participar dessa etapa educacional das crianças incentivando a leitura, como por exemplo, oferecendo livros, gibis, revistas e jogos educativos. Mas a parceria com a escola não para por aí. “A criança deve ser acompanhada pela família em todos os seus processos escolares, como na tarefa de casa, nos estudos para as provas e os pais devem participar das reuniões pedagógicas”, exemplifica a pedagoga Veridiana Romeiro.
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Porém, a família precisa visar sempre a autonomia da criança. Sendo assim, você deve acompanhar e participar da tarefa de casa e, jamais, fazer no lugar do seu filho. Lembre-se, também, de sempre manter um diálogo aberto com a criança. “Existe uma prática muito importante, que é a oralidade. Ou seja, a família precisa conversar, dialogar com a criança! Hoje em dia vemos, muitas vezes, crianças contarem um monte de histórias para nós, na sala de aula, e quando vamos conversar com a família, as elas nem sabem daquelas histórias que a criança contou”, justifica.
Além disso, demonstrar para seu filho que você se interessa pela vida escolar dele é parte fundamental no processo de aprendizagem. Ele se sentirá valorizado e, como consequência, poderá se desenvolver de forma segura e saudável.
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