Correr, andar, rolar, saltar, chutar uma bola e arremessar um objeto são ações que parecem simples para os adultos, certo? Mas para as crianças conseguirem realizar cada um desses movimentos é necessário ter desenvolvido coordenação motora, que nada mais é do que um amplo domínio de diversas habilidades.

Essas são algumas das habilidades motoras necessárias para o dia a dia das crianças, seja na escola ou na prática de atividades esportivas. Mas, o mais importante é que as crianças desenvolvam esses movimentos no período da escolarização, pois se os movimentos citados acima não forem desenvolvidos na infância, pode ser que em outros momentos da vida as oportunidades sejam limitadas e essas habilidades podem não ser desenvolvidas”, afirma o educador físico Reinaldo de Almeida Junior.

E a prática esportiva é uma ótima aliada para auxiliar as crianças a desenvolverem suas habilidades motoras. “Hoje em dia as oportunidades motoras estão cada vez mais restritas às crianças, já que elas têm pouco acesso às áreas livres para brincar e se divertir, diferente de antigamente, quando brincavam livremente pelas ruas, praças e quintais, e, assim, suas habilidades motoras eram desenvolvidas naturalmente. Pensando nisso e nas fases do desenvolvimento motor, o esporte pode ser o aliado no desenvolvimento das habilidades”, explica Almeida Junior.

Segundo os especialistas, o desenvolvimento motor infantil é definido como um processo contínuo de movimento que se inicia ainda na vida uterina. Além de estar relacionado com o crescimento e a maturação de todo o organismo da criança, o desenvolvimento motor também é influenciado pela biologia, comportamento e ambiente onde o indivíduo está inserido. “Cada etapa leva à fase seguinte de forma ordenada, conduzindo o indivíduo a progredir de movimentos simples para a execução de habilidades motoras altamente complexas”, esclarece.

Entretanto, o professor de educação física Weslei Melo de Góes alerta que cada criança possui um padrão próprio de desenvolvimento e que pais e mães devem respeitar cada fase evitando antecipar uma etapa, pois a criança pode não estar preparada fisicamente para executá-la. “Um bom desenvolvimento motor repercute na vida futura da criança nos aspectos sociais, intelectuais e culturais. Por isso, não podemos forçar a barra”, ressalta.

 

Fases do desenvolvimento motor infantil

Para compreender o que é o desenvolvimento motor infantil, uma boa alternativa é entender como esse processo ocorre em cada fase vivenciada pela criança. O educador físico Reinaldo de Almeida Junior afirma que os autores ‘Gallahue’ e ‘Ozmun’ propõem quatro fases do desenvolvimento motor: 

  • motora reflexa (até os 4 meses); 
  • rudimentar (de 1 a 2 anos); 
  • fundamental: que é dividida de 2 a 3 anos, (estágio inicial), de 4 a 5 anos (estágio elementar), e de 6 a 7 anos (estágio maduro);
  •  e especializada.


Nos bebês, os movimentos reflexos permitem obter informações sobre o ambiente. Tratam-se de movimentos involuntários, como exemplo o flexão-palmar (quando você passa o dedo na mão do bebê e ele fecha pressionando o seu dedo). Já a fase rudimentar é composta por movimentos estabilizadores, como obter o controle do tronco, pescoço e cabeça. É também aqui que começam as habilidades de rastejar, engatinhar e caminhar.

Almeida Junior explica que a fase motora fundamental representa a base do desenvolvimento motor, pois envolve os movimentos básicos como correr, saltar, rolar ou chutar uma bola, pular com uma perna só, deslocamento lateral, galope, passada, rebater uma bola, etc. “Nessa fase temos os estágios inicial, elementar e maduro. Em cada habilidade, o recomendado é que a criança consiga alcançar o estágio maduro aos 7 anos de idade”, pontua.

Por sua vez, os movimentos especializados dependem da fase motora fundamental, pois é nela que ocorre o refinamento das habilidades para a performance esportiva, envolvendo movimentos mais complexos e combinados. “Todas essas quatro fases são importantes para que o indivíduo avance no seu desenvolvimento na fase posterior”, destaca.

 

Como o esporte pode ajudar

A prática esportiva na infância auxilia no desenvolvimento da coordenação motora justamente por possibilitar diversidade de movimentos e inúmeros estímulos. Porém, além da parte física, o esporte também traz benefícios no aspecto cognitivo. “Trata-se de uma prática com diferentes formas de se relacionar com o outro, trocas de experiências, competindo e ajudando uns aos outros, através de regras e da padronização de espaços”, comenta o professor de educação física João Vítor Netto Fernandes. Sendo assim, praticar uma atividade esportiva pode possibilitar a criança vivenciar experiências motoras de qualidade. 

Porém, Netto Fernandes acredita que até os 3 anos os pequenos ainda não estão preparados para fazer um esporte. “Embora existam atividades que podem ser feitas até antes, como a natação, que possui benefícios para essa faixa etária, como estímulo do tônus muscular e as articulações, melhoria da capacidade cardiorrespiratória e motora”, exemplifica.

Entre 4 e 6 anos, o profissional afirma que as crianças podem praticar quaisquer esportes, mas de maneira prazerosa e divertida, como se fosse uma brincadeira. “Afinal, como já foi dito anteriormente, nessa idade, desenvolver seu repertório motor como correr, pular, arremessar, é o mais importante. Assim, vivenciando movimentos, descobrindo habilidades, a partir de 8 anos já é possível que a criança se oriente e direcione para determinado esporte, de acordo com suas preferências”, recomenda.

De acordo com o professor de educação física Weslei Melo de Góes, a modalidade indicada para cada criança e sua faixa etária deve levar em consideração seu perfil comportamental. “Uma criança mais introvertida e que tem dificuldades de se comunicar não precisa, necessariamente, ingressar em uma atividade que exija essas características, como as de caráter coletivo. Ela pode ser inserida em modalidades individuais como a natação, as lutas e o atletismo”, pontua.


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