“Desembale menos, descasque mais”. Certamente você já ouviu essa frase por aí e, sem dúvida, é um ótimo exemplo sobre o que é uma alimentação saudável. Para chegar na resposta, basta deixar de lado os produtos processados e dar preferência aos alimentos verdadeiros, que devem ser a base de uma nutrição saudável.

A nutricionista Sophie Deram, que é doutora pela USP (Universidade de São Paulo) e coach em nutrição, afirma que os alimentos verdadeiros são todos aqueles encontrados nas feiras, hortifrutis e nas gôndolas de alimentos frescos dos supermercados, como as frutas, legumes, verduras, arroz e feijão.  

Entretanto, incluí-los na rotina familiar exige tempo para prepará-los. Com a correria do dia a dia para conciliar trabalho, casa e filhos, os alimentos industrializados, muitas vezes, acabam sendo mais práticos na hora de preparar as refeições. Porém, por trás das embalagens, há muitos produtos ricos em açúcares, gorduras ou sal em excesso que, além de não serem saudáveis, pouco acrescentam do ponto de vista nutricional. 

De acordo com a nutricionista Letícia Tischenberg, colunista do Family Center e pós-graduada em materno infantil, uma alimentação saudável é aquela que fornece ao indivíduo todos os nutrientes necessários para a manutenção da qualidade de vida. “A alimentação saudável supre as necessidades daquele indivíduo em nutrientes, sendo vitaminas, minerais e os macronutrientes, que são carboidratos, proteínas e gorduras. Além disso, proporciona bem-estar e disposição”, pontua. 


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Se para os adultos a educação alimentar é fundamental, para as crianças é imprescindível. Afinal, uma alimentação infantil saudável é um primordial para se evitar doenças no futuro.

 

A importância da alimentação saudável infantil

Além de proporcionar bom desenvolvimento, crescimento e ganho de peso adequados, ter uma alimentação saudável na infância tem impacto, inclusive, nas questões genéticas. “Até os 2 anos da criança, os gens têm sua fase principal de desenvolvimento. É durante esse período, principalmente, que ela vai desenvolver gens de saúde ou de doenças crônicas que serão manifestados lá na vida adulta”, pontua a nutricionista Letícia Tischenber. 

“Quando oferecemos uma alimentação que não é apropriada para criança, já começam a desenvolver gens de doenças crônicas, como obesidade, diabetes, doenças cardíacas, ou até alergias alimentares. Reflexo da saúde no adulto. E lembrando que a falta de nutrientes também está atrelada a doenças emocionais”, completa. 

Além disso, segundo a nutricionista Naoami Lowise Afinovicz Santos, manter uma alimentação infantil saudável favorece o desenvolvimento intelectual e motor. “É importante lembrar que hábitos alimentares são construídos na infância, tendo interferência na adolescência e na fase adulta”, afirma.

 

Como aplicar no dia a dia

Mas, afinal, como iniciar uma educação alimentar em casa? A nutricionista Letícia Tischenber é enfática ao apontar que é necessário que a alimentação saudável seja um estilo de vida familiar e não apenas uma exigência destinada às crianças. 

“O maior problema que encontramos hoje nos consultórios são os pais que levam o filho, dizendo que a criança precisa mudar e comer melhor. Mas os pais são os adultos. O exemplo é o que fala mais forte em toda a educação da criança. Se filho vê os pais comendo, tem cerca de 80% de chance, se não mais, da criança comer aquele alimento. Os alimentos que a família consomem por hábito, provavelmente a criança vai comer”, orienta. 

Sendo assim, a dica da profissional é para a família manter geladeira, armário e mesa apenas com alimentos verdadeiros. “A criança tem as fases de maior seleção dos alimentos e as fases de maior compreensão. Mas, de qualquer forma, conforme a criança vai crescendo ela vai adquirindo autonomia alimentar e, dentro disso, se você deixar o armário, a geladeira e a mesa saudáveis, o que ela selecionar vai ser saudável”, recomenda. 

Ainda de acordo com a profissional, os pais devem deixar definido com os filhos que os alimentos não tão saudáveis são permitidos em ocasiões especiais, como uma festa de aniversário. “É importante a criança ver os pais praticando exercícios para que ela queria praticar. É importante que ela veja que ali na mesa o pai e a mãe se esforçam para comer até mesmo quando não gostam, porque entendem que precisam daquilo e não simplesmente porque gostam. É importante a criança ver que os pais não comem doces todos os dias”, pontua.

Como os pais são exemplos para as crianças, ao invés de exigir que os pequenos comam frutas, Letícia acredita que o melhor caminho é sentar e se alimentar na companhia do filho. “Deixe seu filho ver você preparando seu lanche saudável para levar para o trabalho. Deixe seu filho ver você tomando água. Dê água, mas tome junto. Tudo que é saudável para a criança, é saudável para os pais. Então, vamos fazer juntos”, sugere.

 

Mudando paradigmas

Porém, mais do que promover uma educação alimentar infantil e até mesmo familiar, os pais precisam ter consciência da importância da nutrição, que vai para além da estética. “A consciência da alimentação é mais efetiva quando pensada na saúde, quando pensada no que vamos ganhar com isso ao invés de pensar no que estamos perdendo, como quando deixamos de comer a pizza, o lanche e o chocolate”, afirma.


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Segundo a nutricionista, é preciso mudar o pensamento de se alimentar adequadamente apenas por preocupação com o peso. “Mãe e pai que se preocupam muito com peso, a criança fica focada, pensando que temos que comer saudável para ter um peso certo. Se você está acima do peso, você precisa passar para seu filho a necessidade de cuidar da sua saúde. Você precisa enxergar isso de forma diferente para que seu filho possa ver isso em você. Pai e mãe têm que entender o por que da alimentação saudável, que é o plantar para lá na frente evitar doenças. E a criança vai entender isso porque vai ver isso na essência dos pais”, explica.

 

Papel da escola

Vale lembrar que para a formação de hábitos alimentares saudáveis ainda na infância, pais e escolas devem caminhar juntos nesse processo. De acordo com a SBP (Sociedade Brasileira de Pediatria), a instituição de ensino e a família precisam incentivar a aceitação da necessidade de uma alimentação saudável e diversificada, além de evidenciar a necessidade de desenvolver hábitos alimentares saudáveis para se ter uma boa saúde. 

Normalmente, é na escola, durante a idade pré-escolar, que a criança passa a ter o primeiro contato com refeições fora de casa e sem a companhia dos pais. E é importante que os baixinhos não sejam expostos a alimentos poucos saudáveis e que não fazem parte da rotina familiar, como doces e refrigerantes. Caso a escola não mantenha prática saudáveis, pais e responsáveis podem exigir da direção o direto à alimentação de qualidade.

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3 Comentários

  1. Adorei seu site e suas dicas!Temos que nos cuidar cada dia mais, buscando sempre melhorar nossa saúde. Parabéns pelo conteúdo!

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