A primeira infância, que vai até os 6 anos, é uma fase rica em descobertas e transformações. Especialistas afirmam que as habilidades adquiridas e os estímulos recebidos neste período podem influenciar até mesmo na fase adulta. E é por meio da socialização infantil que a criança desenvolve ainda mais a comunicação, a empatia, aprende a respeitar seus próprios limites e o do outro, entende a importância das regras e até mesmo sobre lidar com os sentimentos. Com uma extensa lista de benefícios, sobram motivos para você incentivar sua criança a socializar.

Para a psicóloga clínica Denise Ferreira Ghigiarelli, que também é neuropsicóloga, não existem segredos para conseguir proporcionar isso aos baixinhos. Basta oferecer menos telas, como televisão e smartphones, e possibilitar mais o convívio com outras pessoas. “Precisamos que a criança aceite a socialização e se doe também. A criança que se acostuma muito com aparelhos eletrônicos, não precisa doar nada, porque ela só recebe. Desde pequeno, na hora que está trocando, dando banho, vamos rindo e conversando, assim a criança vai internalizando, porque o inconsciente está ali”, orienta.

De acordo com a profissional, a socialização faz parte da integridade humana, por isso, é fundamental desenvolvê-la. “Se o social não for desenvolvido, nós estamos com uma parte faltante neste desenvolvimento. Qualquer atividade de uma criança depende da socialização. Se tem a necessidade de ficar com uma babá, ou com a vovó ou na escolinha, precisa da socialização. A criança precisa aceitar a presença do outro e precisa dar o retorno”, afirma.

Denise ainda aponta que, muitas vezes, a criança que possui dificuldade na interação com outras pessoas, pode demorar mais para se adaptar na escola, prejudicando a relação com os amigos e até mesmo o aprendizado. E, segundo a profissional, há casos ainda mais acentuados de crianças que têm atraso na fala por não conseguirem socializar. “Muitas tivemos tantas crianças com problema de fala como agora. A gente supõe que, uma das possibilidades, é por muita interação com aparelhos eletrônicos. Criança com problema de fala, passa a ter comportamentos autísticos, por não socializar. Como ela não fala, ela se isola. Sem falar, ela tem mais irritabilidade e momentos de estresse por não saber dizer o que quer. Olha o prejuízo da não socialização”, destaca Denise.

A prática esportiva também tem um papel importante no desenvolvimento infantil, auxiliando no contexto social. Nos esportes, além da oportunidade de lidar com outras crianças, existe o incentivo para lidar com a capacidade de se relacionar bem consigo mesmo, adquirindo segurança e confiança para expressar seus sentimentos.

 Mãe de duas crianças, pedagoga conta como incentivou a socialização na pandemia Vanderliza S. Abreu Mariano é pedagoga e mãe de duas crianças: da Manuela, de 3 anos, e do Heitor, de 8 meses. Ela acredita que a socialização é essencial para a vida coletiva, além de fazer parte do processo de aprendizagem.

“A criança necessita construir relações, isso faz com que ela se depare com situações, envolvendo diversas pessoas e experiência, fazendo com que ela amplie cada vez mais sua visão de mundo e, nesse sentido, o ambiente escolar ganha ainda mais importância”, reforça.

Por saber dos benefícios e da importância da socialização infantil, Vanderliza conta que, assim que a pandemia teve início, ela buscou estratégias para não deixar que o novo vírus atrapalhasse o desenvolvimento dos filhos. “Fizemos de tudo um pouco, receitas, experiências, atividades diversas e brincamos bastante”, destaca.

Nos momentos em que a família esteve mais isolada, a tecnologia foi aliada para garantir a interação com parentes e amigos. “Sabemos que não é a mesma coisa, mas dessa forma podemos distrair um pouco mais a criança”, afirma.

Outra prática adotada pela pedagoga foi os jogos de tabuleiro. “A maioria dos jogos de tabuleiro são projetados para serem jogados com um grupo de pessoas. Nessa fase de isolamento social, aproveite para fazer uma brincadeira entre família, reforçando ainda mais os laços de amor e união entre pais, filhos, irmãos”, sugere.


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