Você já despertou durante à noite com seu filho e/ou filha chorando, transpirando e todo aflito? Os pesadelos ocorrem durante toda a infância, mas geralmente surgem entre 3 e 7 anos. E, apesar de assustar os pais e as mães, que acordam com a criança aflita, são absolutamente comuns, apesar de perturbadores e provocarem sensações ruins, como ansiedade e medo. 

De acordo com a pediatra Carla Costa Martins, eles acontecem na fase REM, a mesma dos sonhos, período em que também acontece grande parte da consolidação da memória e do aprendizado. Vale destacar que os pesadelos ocorrem na segunda metade da noite. “O pesadelo nada mais é do que um sonho disfórico, relacionado a vivência de algum evento traumático pela criança”, pontua. 

A pediatra Veridiana Rolim Soares de Abreu, que administra a conta @draveripediatra no Instagram, reforça que as causas do pesadelo são variadas, mas podem ser influenciadas pela vivência durante o dia, como livros e filmes ou podem ter relação com medos e preocupações da criança. “Nessa fase, o mundo da fantasia está aguçado e pode facilitar uma mistura de fantasia com a realidade e se mostrar nos sonhos ou pesadelos”, explica.

E quando a criança tem pesadelo, só resta uma alternativa para a família lidar com esse momento: acolher. “Pegue no colo, abrace, acenda a luz se assim for solicitado. Diga que está tudo bem! Pergunte se a criança quer contar o que houve. Às vezes querem e outras não. Diga que quando contamos algo ruim que está incomodando o coração fica mais tranquilo, mas não force. Diga que já aconteceu com você também. Pergunte o que você pode fazer para ajudar”, enfatiza Veridiana.  

Para a pediatra Carla, é fundamental que pais e mães evitem frases ou comentários que menosprezem o evento, como: ‘não existe nada disso’ ou ‘isso é coisa da sua cabeça’. Segundo a profissional, para a criança o pesadelo representa uma ameaça real e, muitas vezes, pode trazer consequências como prejuízo social e até cognitivo. 

“O ideal a ser feito no momento do pesadelo é passar segurança e conversar sobre o conteúdo do sonho. Isso ajuda a identificar fatores estressantes para prevenir novos episódios, além de ser uma oportunidade de criar um desfecho novo para aquela situação sonhada, que muitas vezes se apresenta como pesadelos recorrentes, com o mesmo teor”, orienta Carla. Ela lembra ainda que, após ter um pesadelo, a criança tem uma lembrança clara do conteúdo do sonho e, logo após despertar, torna-se perfeitamente consciente, sem confusão ou desorientação. 

Um exemplo de como conversar com a criança sobre o pesadelo

Você acolhe a criança toda vez que ela tem pesadelo, mas ele tem sido recorrente e você não sabe mais como ter uma conversa que realmente tranquilize seu filho e/ou filha? Pensando nisso, a pediatra Carla Costa Martins deixou o seguinte exemplo:

“Uma criança diz sonhar com uma bruxa, que a leva para longe dos pais no meio da noite. Ao conversar com a criança, podemos enumerar diversas situações que mudariam o desfecho, como gritar pelos pais enquanto a bruxa o leva, ou empurrar a bruxa da vassoura, ou mesmo imaginar ela tropeçando e não conseguindo chegar até a criança. Esse tipo de reversão de imagem pode fazer com que a criança pense tanto nas possibilidades que acabe revivendo durante o sonho”, sugere a pediatra, que administra a conta @dracarlacm.pediatra no Instagram.

Como diferenciar o pesadelo do terror noturno?

A pediatra Veridiana Rolim Soares de Abreu explica que o terror noturno acontece no primeiro terço da noite, durante o sono profundo, diferentemente do pesado, que ocorre na segunda metade do sono, já mais próximo ao amanhecer. “Por isso, a criança pode gritar, se mexer bastante e até estar de olhos abertos, mas não está acordada! E não lembra de nada depois! É muito comum os pais relatarem que falam com a criança, mas ela não ouve, parece mais difícil de acalmar. Ela não foca o olhar, mesmo estando de olhos abertos! É nítido que não enxerga nada! Tem um olhar vago. E de repente, dorme de novo, como se nada tivesse acontecido”, exemplifica.

Segundo a pediatra Carla Costa Martins, o terror noturno acontece geralmente entre os 4 e 12 anos, e são caracterizados por episódios abruptos de terror, normalmente iniciados com uma vocalização alarmante como um grito. “A criança senta na cama, grita, chora e se agita. Usualmente, são acompanhados de sinais como rubor facial, aumento do batimento cardíaco e suor excessivo”, completa.


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