Frutas, verduras e legumes são rejeitados pela criança. Na hora das refeições, ela mostra desinteresse e fica a maior parte do tempo brincando. No almoço e jantar não aceita quase nada e, geralmente, prefere sempre os mesmos alimentos. Esses são alguns comportamentos apresentados pelos pequenos e pequenas que têm seletividade alimentar. “A seletividade alimentar é quando ocorre rejeição de alimentos, tornando a dieta muito restrita de opções. Na maioria das vezes frutas, verduras e legumes estão em maior quantidade dos rejeitados”, ressalta a nutricionista com abordagem materno infantil Elisa Paiva Evangelista da Rocha.  

Alguns estudos mostram que a seletividade alimentar está relacionada com causas psicológicas, fobias sociais ou, até mesmo, estar relacionada com dificuldade de mastigação. “Se a mãe, durante a gestação não teve uma alimentação variada, isso afeta o paladar da criança, assim como forma que os alimentos foram apresentados na introdução alimentar. A criança diagnosticada com Transtorno do Espectro do Autismo também tende a ser seletiva”, pontua.

Esses comportamentos relacionados à alimentação infantil são comuns em muitos lares, o que deixa a maioria das mães e pais preocupados. Afinal, uma dieta nutricionalmente variada e equilibrada é fonte de saúde e é essencial para o pleno desenvolvimento infantil e, por isso, é preciso buscar ajuda para lidar com essa dificuldade da criança. “Quando a seletividade alimentar não é tratada, causa impacto prejudicial na vida toda da criança, pois quanto maior a lista de alimentos recusados, mais nutrientes estão ausentes, levando a vários problemas de saúde e até mesmo dificultando a vida social, pois chegar em um lugar e não comer nada do que será servido é constrangedor, levando a evitar ir. A longo prazo pode piorar a relação com os alimentos”, afirma.

Por isso, é importante a família estar atenta ao comportamento do filho e ou/filha e observar se a recusa é apenas uma fase, algo momentâneo, ou se tem sido permanente. “As principais características da criança seletiva são: ela recusa alimentos do mesmo grupo alimentar ou da mesma textura, não mostra interesse pelo alimento, prefere brincar do que ir para a mesa se alimentar Tanto é que os pais estão sempre oferecendo várias opções para ver se a criança aceita”, exemplifica.

A família pode ajudar a criança a superar a seletividade alimentar

Para a nutricionista Elisa Paiva Evangelista da Rocha, a família é peça fundamental no diagnóstico e tratamento da criança que tem seletividade alimentar, pois são os pais e as mães que conseguem perceber rapidamente quando está acontecendo algum problema na alimentação. “Além disso, a família pode ajudar no dia a dia, criando boas relações com os alimentos, fazendo o momento da refeição ser agradável, não forçar ou obrigar a comer, pois isso piora a situação. Os pais podem incentivar, ter paciência e jamais comparar com outras crianças”, recomenda.

Ao notar a recusa alimentar, coloque no papel se os alimentos que a criança aceita são sempre os mesmos. Observe se a lista está pequena. “No almoço e/ou jantar não está aceitando quase nenhuma opção? Está sempre desinteressada no momento de comer? Fecha a boca para evitar comer algo diferente? Procure ajuda que tem solução!”, enfatiza a nutricionista. 

Como você lida com a recusa alimentar?

Nem toda recusa na hora de comer é caracterizada por seletividade alimentar. Pode ser apenas uma fase da criança. Mas, mesmo assim, muitas famílias têm dificuldade em lidar com esses desafios nas refeições e acabam travando “batalhas” com os baixinhos. As brigas tornam o momento ainda mais tenso e obrigar a criança a comer não terá resultado positivo, pelo contrário, pode deixá-la ainda mais resistente.

Nesses casos, a dica da fisioterapeuta pediátrica em formação Taísa Gonçalves, 27 anos, que é mãe de um menino de 3 anos, é para nunca deixar de oferecer o alimento que a criança rejeitou. “Se a criança não quiser, ofereça de outro jeito, muda a forma de preparo e de apresentação”, sugere.

Outra orientação de Taísa é convidar as crianças para participar do preparo das refeições. “O Martim aceitava abóbora cabotiá quando pequeno. De repente, não quis mais comer. Um dia o chamei para cozinhar junto comigo, fizemos abóbora com mel. Ele ajudou, colocou o mel, azeite, sal e botou no forno. Comeu que foi uma beleza. Da próxima vez que eu fiz, assim que saiu da panela, ele já começou a comer. Depois aceitou de todas as formas”, exemplifica.

A fisioterapeuta acredita que os pais e as mães devem evitar externar na frente da criança que ela não gosta de determinado alimento. “Se você já ofereceu dez vezes e ela não come, continue oferecendo com naturalidade, como se nada tivesse acontecido, como se ela nunca tivesse visto isso na frente. A partir do momento em que você fala para a criança que ela não gosta de mamão, ela vai pegar isso para ela, e achar isso para o resto da vida, que ela não gosta de mamão”, acredita.


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