Popularmente conhecida como síndrome do pânico, o transtorno do pânico é um estado em que a pessoa vivencia uma ansiedade fora dos padrões convencionais. De acordo com o psicólogo Anderson Bartolomeu Tatani Monteiro, especialista em psicologia infantil, as crises geralmente ocorrem ao menos uma vez por semana e têm duração média de 20 minutos. É mais comum acometer indivíduos a partir da adolescência, porém, apesar de menos incidente, também pode se manifestar em crianças.

“Este transtorno pode, sim, acontecer em crianças e é importante que fiquemos atento aos sinais, uma vez que os ataques/crises são sintomas para outros transtornos de ansiedade, como ansiedade de separação e agorafobia, ou outros transtornos como o obsessivo compulsivo”, explica Monteiro.

Assim como nos adultos, a psicóloga clínica e professora Luana Castro, que também tem especialização em neuropsicopedagogia, explica que os baixinhos (as) com esse transtorno costumam apresentar alguns sintomas psíquicos, como ansiedade exagerada, agitação, sensação de perigo iminente e falta de conexão com o mundo real. “Também são comuns sintomas físicos, como taquicardia, transpiração em excesso, calafrios, dores espalhadas pelo corpo, tontura e até falta de ar”, pontua.

Monteiro alerta que é necessário manter uma atenção redobrada com os pequenos, principalmente com aqueles que possuem condições como a asma, por exemplo. “É preciso estar atento para não confundir os sintomas com sintomas físicos. Uma vez descartada que a sintomatologia não é ocasionada por tais patologias, suspeita-se de ataques ou crises de pânico”, afirma. Ainda segundo o psicólogo, nas crianças esse quadro pode ser acompanhado por gritos e choros.

Quais são os principais sinais de transtorno do pânico que a família deve estar atenta?


Para a psicóloga clínica e professora Luana Castro, quando a criança começa a apresentar os primeiros níveis de ansiedade, que vão além de uma reação emocional considerada normal, os pais já precisam ligar o sinal de alerta. “Recomendo já neste início buscar ajuda profissional, visto que o diagnóstico precoce é o melhor caminho para um tratamento efetivo”, ressalta.

De acordo com o psicólogo Anderson Bartolomeu Tatani Monteiro, como os sintomas do transtorno do pânico podem aparecer de forma gradual, os cuidadores devem ficar atentos às manifestações, principalmente porque as crianças podem não conseguir verbalizar ou explicar o que sentem.

“Aos responsáveis fica a sugestão de ao menor sinal, conversar sobre o que a criança está sentindo e não colocar o sintoma como fantasioso. O acolhimento pode ser crucial para o desenvolvimento da criança. Outra postura que pode ser benéfica é observar o que desencadeia os ataques, pois muitas vezes eles são engatilhados a partir de condições ambientais”, orienta Monteiro.

Como é o tratamento para as crianças?

O psicólogo Anderson Bartolomeu Tatani Monteiro explica que o tratamento deve ser traçado junto a profissionais da área, como psicólogos, psiquiatras e neurologistas, de forma que possam traçar um diagnóstico apropriado para cada caso. “De modo geral, o tratamento acontece por via medicamentosa associado a terapia comportamental”, afirma.

Porém, Monteiro sugere uma estratégia que pode ser adotada já ao notar o primeiro sinal de um ataque de pânico. “Uma estratégia possível é a de que se coloque um tom de voz que transmita confiança e calma sugerindo uma respiração mais lenta e completa. A partir deste panorama, estabeleça com a criança exercícios de respiração (os quais profissionais habilitados orientarão), junto de outras estratégias para lidar com tais situações”, orienta.

Segundo o profissional, trabalhar o reconhecimento das emoções, assim como a forma de lidar com elas e criar um repertório emocional frente a diversas situações, é uma maneira para prevenir as crises. “Vale ressaltar ainda que a ansiedade é um sentimento necessário a todos e, invariavelmente, precisamos dela em alguma dosagem. Então, preparar nossas crianças para vivenciá-las é prepará-las para as adversidades que irão passar no futuro. É importante que inclusive vejam como nós, adultos, lidamos com situações frente a ansiedade, pois é assim que elas vão criar o seu repertório”, completa.


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