A demonstração de interesse pela vida escolar dos filhos é fundamental no processo de aprendizagem da criança. Segundo os especialistas, quando os pequenos percebem que a família se importa pelos seus estudos, eles se sentem valorizados e tendem a ter um desempenho acadêmico melhor. “A presença e interesse dos pais são primordiais na educação e no âmbito escolar dos filhos. Quando os filhos percebem o interesse da família, isto agrega no seu desenvolvimento e se torna uma forma de incentivo”, explica a pedagoga Luciene Maria Matos, que é pós-graduada em Educação Especial e pós-graduanda em Análise do Comportamento Aplicada.

Entretanto, ser presente e acompanhar o aprendizado escolar não são sinônimos de interferir nos estudos e, muito menos, de resolver as tarefas da escola no lugar dos filhos. Então, como participar desse momento, mas sem interferir no aprendizado?

“Acompanhar é diferente de solucionar a tarefa para a criança. Os pais fazerem as tarefas só vai prejudicar. Jamais podemos dar a resposta pronta, devemos sempre levá-los a pensar, instigá-los a descobrir e terem curiosidade em saber. Se os pais fazem tudo por eles, a criança, além de não aprender, vai criar essa dependência”, completa.

 

Incentivadores do estudo

Como exemplo de uma das formas de incentivar a criança, a pedagoga sugere que, se o pequeno demonstra uma dificuldade com matemática, por exemplo, os pais podem utilizar materiais concretos para que o filho possa entender melhor. Nessa hora, o uso de objetos coloridos, cartazes e desenhos no papel podem ser bons aliados para que o baixinho visualize com mais facilidade o conceito que está sendo estudado.

Agora, se a língua portuguesa é uma disciplina mais desafiadora para seu filho, você pode auxiliá-lo com recorte e colagem de jornais e revistas para a construção de sílabas, por exemplo. “Use músicas e contação de história para identificar acontecimentos e, aos poucos, construa pequenos relatos sobre histórias e músicas”, sugere a profissional.

 

A importância da autonomia

Mais do que auxiliar as demandas e dificuldades escolares mais pontuais das crianças, a hora da lição de casa pode ser uma boa oportunidade para os filhos desenvolverem outras potencialidades, como responsabilidade e autonomia.

Para isso, por exemplo, é recomendado estabelecer uma organização de horários específicos de estudos e outro para as brincadeiras. “Desta forma, a criança começará a se organizar para cumprir suas tarefas da escola, que podem ser realizadas por ela própria e, mais tarde, revisadas junto com os pais, para que assim possam participar, identificar e apoiar seus filhos frente às dificuldades”, orienta Luciene.


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Aos pais, cabe ainda permitir e incentivar que os filhos tenham autonomia nos estudos- fator fundamental para o desempenho cognitivo da criança.  “A autonomia é importante e deve ser reconhecida e reforçada pelos responsáveis quando a criança exerce suas responsabilidades de maneira independente”, pontua.  

Um  estudo realizado pela Universidade de Montreal, no Canadá, por exemplo, revela que as crianças que têm autonomia possuem um impacto positivo na função executiva que é um dos pilares do desenvolvimento cognitivo. Essa função é uma das responsáveis pelo raciocínio, capacidade de resolução de problemas, de planejamento e execução de tarefas.

 

Criando uma rotina de estudos com os filhos

A bióloga Fernanda Bonon Serafim, de 39 anos, é mãe da Laura, de 8 anos, e do Gabriel, de 5 anos. Ela e o marido escolheram acompanhar de perto o desenvolvimento das crianças na escola e nas tarefas. E, como acontece na maioria das casas, na hora de fazer a lição, a duplinha sempre pede para os pais permanecerem ao lado. “Eles pedem para ficarmos junto. Na maioria das vezes não precisam de ajuda, mas querem que fiquemos sentados juntos”, conta.

A família estabeleceu dia, horário e local na casa para que os filhos se dediquem aos estudos. “Costumamos sentar junto com eles no lugar de estudo (mesa da cozinha), sem TV ou outro estímulo. A Laura mostra sua tarefa, ela mesma lê e resolve”, afirma.

Como Gabriel tem apenas 5 anos e ainda não traz muita tarefa da escola, Fernanda resolveu oferecer atividades educativas ao filho para que ele pudesse acompanhar a hora de estudo da irmã. “Compro livrinhos de atividades do nível escolar dele e quando a Laura vai estudar ou fazer tarefa é hora dele também. Sentamos os três e cada um faz sua lição, sendo o Gabriel as atividades do livrinho para estímulo. Assim já vou ajudando e estimulando ele, além de não deixá-lo na TV enquanto a irmã faz tarefa”, deixa a dica.

Já na casa da jornalista Fernanda Thegon, de 44 anos, sua filha única, Maria Luiza, de 9 anos, costuma fazer as tarefas de casa sem pedir pela presença da mãe. Desde que começou a frequentar a escola, a pequena sempre demonstrou autonomia para resolver os exercícios sozinha. “Ela estuda à tarde. Então, ela chega, toma banho, janta, descansa um pouquinho e já começa a fazer as tarefas. Ela sempre foi de resolver as coisas sozinhas, desde quando começou a estudar. Sempre foi muito independente, então, ela faz a tarefa e traz para eu corrigir”, explica Fernanda.

Os locais escolhidos por Maria Luiza para estudar são o próprio quarto ou a cozinha. E a mesma rotina de estudos, que teve início de maneira mais intensa aos 5 anos, se mantém até hoje, quando tem lição de casa todos os dias. “Hoje, na quarta série, eu noto que é uma rotina que ela aderiu. Ela vai, faz a tarefa e sempre traz para eu corrigir, mostra o que está fazendo, mostra a letra dela. E é uma forma de sempre saber o que ela está estudando”, afirma.

Quando a filha demonstrava alguma dúvida, Fernanda sentava ao lado da pequena para auxiliá-la. Porém, algumas vezes que Maria Luiza pedia ajuda, a mãe percebia que era uma forma da pequena chamar atenção. “Eu notava que, às vezes, era até uma forma de chamar a atenção, falando que ela não tinha entendido. Era uma forma para eu estar ao lado dela”, ressalta.

Percepção que reforça a opinião da pedagoga Luciane sobre a hora da tarefa também ser uma ótima oportunidade para os pais ensinarem e reforçarem princípios e valores aos filhos.

“Quando os pais acompanham os estudos, os filhos se sentem mais seguros, pois sabem que não estão sozinhos em momentos de dificuldades. Mas, os pais precisam entender que não se deve somente cobrar do filho, por exemplo, letras bonitas ou as melhores notas. Vai muito além disso. É importante incentivar, motivar, valorizar as pequenas coisas, ensinar a fazer sempre o correto e a buscar a excelência e o desenvolvimento”, explica.


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