Quem tem criança pequena em casa sabe que cuidar dos filhos e manter a casa arrumada não é das tarefas mais simples para se conseguir conciliar. Quando não há cooperação dos baixinhos então, fica tudo mais difícil. Afinal, em um piscar de olhos lá estão eles, espalhando pela sala todos os brinquedos que você tinha acabado de organizar. Porém, é possível mudar esse cenário colocando os pequenos para ajudar nas tarefas domésticas.
De acordo com cada faixa etária, as crianças são capazes de executar pequenos afazeres e podem se beneficiar ao assumir algumas tarefas em casa. Uma criança de 2 anos, por exemplo, já consegue jogar o lixo no cesto, assim como, aos 4 anos, é possível ensinar seu filho a arrumar a cama.
Claro que os pais não podem esperar que as tarefas sejam executadas com excelência, mas, especialistas afirmam que, mesmo que não saia perfeito, os pais não devem refazer aquilo que foi executado pela criança.
“Analise o que ela é capaz de fazer. Não peça o que ela ainda não tem capacidade, isso vai gerar uma frustração. Você deve atribuir a tarefa, mostrar como faz e ficar por perto, se for necessário. Mas não refaça. Se eu atribuí aquela tarefa, é porque confio na minha criança”, orienta a coordenadora pedagógica Giselly C. Benith de Carvalho.
Benefícios
Além de contribuir para os cuidados com o ambiente familiar, proporcionar aos baixinhos essa participação na organização do lar é importante até mesmo para a formação de um adulto responsável, independente e autônomo.
“A criança que participa de pequenas tarefas em casa sente benefícios inclusive no cotidiano escolar, desde a organização do próprio material até mesmo no relacionamento com o grupo. Isso reflete também em uma criança independente, que já começa a mostrar que consegue fazer coisas sozinhas. Por exemplo, eu vou esticar a toalha para fazer piquenique com os alunos. Tem o que vai ficar esperando pela professora e tem aquele que vai tentar estender, mesmo que não fique do melhor jeito. É visível a criança que tem mais autonomia”, destaca Giselly.
Mais do que contribuir para a independência da criança, a psicopedagoga Valesca Abraham afirma também que os alunos que possuem senso de responsabilidade tendem a apresentar melhor rendimento escolar. “Aqueles alunos que não entregam trabalhos e atividades no prazo, esquecem e perdem materiais escolares ou até mesmo seus brinquedos na escola, apresentam conteúdos e atividades incompletas e confusas e com isso, acabam tendo um desempenho escolar ruim. Na maioria dos casos, marcamos uma conversa com os pais e a frase mais apresentada por eles é: ‘ele é muito bagunceiro e desorganizado em casa, não guarda nem seus próprios brinquedos’”, exemplifica.
Confira também:
Protagonismo infantil: a importância de desenvolver e incentivar
Como convencê-los a contribuir?
“Se você não quer um ‘não’ como resposta, você precisa cuidar da forma como fará a pergunta”. A frase é da educadora parental Cristina Nunes, que administra o perfil @criando_elos, no Instagram. Ela acredita que os pais têm tendência a usar expressões que, na verdade, são ordens para as crianças. Enquanto o ideal é usar a criatividade e gentileza na hora do pedido.
Mas então, como mudar a forma de se comunicar com os filhos de forma que eles colaborem?
Na hora da refeição, por exemplo, se você perguntar para a criança se ela pode auxiliar a servir o jantar, a resposta pode ser sim ou não. Então, a dica é fazer a seguinte abordagem: “preciso da sua ajuda para pôr os pratos na mesa” ou “É hora de jantar. Você se serve sozinho ou quer que eu coloque no seu prato”.
Lembre-se que quanto mais claro e específico for o seu pedido, mais fácil a compreensão por parte da criança e, então, há mais chances de você conseguir a colaboração de seu filho.
A escritora e consultora em educação não violenta Elisama Santos, administradora da conta @elisamasantosc, afirma que os pedidos feitos de maneira abstrata dificultam o entendimento por parte dos pequenos e aumentam as possibilidades de não ser atendido. Se você gostaria que seus filhos arrumassem o quarto, a orientação é primeiramente mostrar como é o cômodo arrumado para você. Depois, você pode sugerir a forma como a criança deve fazer, como por exemplo: “Estique o lençol da cama, guarde os calçados e deixe os livros na prateleira”. Ou seja, demonstre para seu filho como você espera que ele execute as tarefas.
Outro momento que costuma ser desafiador é convencer os filhos a guardarem os brinquedos que ficam espalhados pela casa. Na disciplina positiva, uma das sugestões de abordagem para essa situação é colocar uma música e convidá-la a guardar tudo antes da canção chegar ao fim. E, caso a música termine antes da tarefa ser concluída, a sugestão é você falar que será preciso ouvir novamente ou, então, escolher uma nova melodia – que pode até ficar a cargo da criança, que vai se sentir mais valorizada e tende até a colaborar de forma mais harmoniosa com a tarefa.
Quadro de Rotinas
Outra ferramentas da disciplina positiva que pode ajudar nesse momento é o “Quadro de Rotina”. Ele é uma das forma de encorajar as crianças para que elas aprendam a se autodisciplinar sem que tenha um adulto lhes dizendo cada passo que elas devem dar. De quebra, pode ajudar também as famílias a evitarem problemas nos momentos mais conflituosos e desafiantes do dia, como a manhã e à noite.
O ideal é que ele seja feito em conjunto com a criança, para que depois, sozinho, ele guie as atividades. Podemos animá-los, por exemplo, a fazer uma lista de todas as coisas que ele precisa fazer durante o dia, a depender da realidade de cada família. Depois, escolham se usarão fotos ou ilustrações para representar a tal atividade e construam o quadro com todo esse conteúdo na ordem desejada.
Confira também:
Quadro de rotina: uma valiosa ferramenta da disciplina positiva
O “Quadro de Rotinas” deve incluir desde todas as atividades cotidianas feitas pela criança desde o momento que acorda ( como tomar café da manhã, escovar o dentes, etc) até ir dormir. Nesse contexto, você e seu filho podem achar na rotina o melhor horário para incluir a organização dos brinquedos (ou outra atividade da casa). Depois de montado, fixe o quadro em um local facilmente visível para o baixinho (a).
Uma dica valiosa para o método funcionar é os pais se manterem atentos para seguir a ordem das atividades que são realizadas, facilitando assim, a compreensão da sequência da rotina. E quando algum “Não” ou embate aparecer, ao invés dos pais imporem ordens, poderão fazer uma pergunta curiosa que faça o filho (a) pensar na resposta, como: “O que vem agora, de acordo com o quadro?”.
Lembre-se de que não deve haver prêmio ou qualquer recompensa pela realização das tarefas. O estímulo deve ser interno. Devemos mostrar às crianças que são capazes de realizar cada uma delas sem que, por detrás, esteja alguma recompensa.
Tarefas domésticas
Confira uma tabela com as atividades que seu filho pode fazer em casa, de acordo com cada faixa etária.
Confira também:
Rotina na educação infantil: como adaptar os seus filhos